O Que eu Aprendi
Usando-me de um texto de Shakespeare, começo este meu como um desabafo sobre alguns dias vividos. Obviamente não tenho a intenção de fazer este escrito parecer-se com nada, quero apenas usá-lo para compartilhar com meus poucos leitores algumas situações corriqueiras, vividas por todos nós.
Quando vivi, e vivo, minhas situações, sempre procuro delas extrair algo de bom. Claro que me prendo a isso para suportá-las, caso contrário seria eu um eterno desiludido. Em meus dias, aprendi que devemos ser com as pessoas exatamente como queremos que elas sejam conosco, mas aprendi também que quando estas pessoas agem como queremos, achamos estranho.
Aprendi que não preciso ter tudo aquilo que as pessoas querem, mas que eu devo pelo menos saber o que eu tenho de melhor. Que talvez a tempestade que eu atravesso seja a luz que eu precisava para enxergar meu caminho. Consegui ver que não sei perder, e que talvez por isso eu tenha sofrido tanto atrás de alguns objetivos sem nenhuma importância. Aprendi que quando se está mal, sempre devemos olhar para dentro de casa; é na família que está o suporte que precisamos para levantar.
Aprendi que o poder de amar é limitado e só aparece algumas vezes na vida. Aprendi que não posso ter tudo aquilo que eu quero e aprendi a esperar menos dos outros e mais de mim. Consegui enxergar que não sou o melhor namorado, que não consigo ser carinhoso da mesma forma como ela é, mas que mesmo assim ela me ama e faz-me amá-la também.
Aprendi que a derrota é amarga. Aprendi que tenho de ser mais humilde e aceitá-la. Aprendi que as pessoas não têm a obrigação de me amar só porque eu assim quero, mas porque eu despertei nelas algo que as apaixonou. Consegui enxergar que existem pessoas melhores que eu, e que estas pessoas podem ser amadas pelas pessoas que não quiseram me amar, e que eu tenho de me conformar com isso.
Aprendi que a convivência no trabalho pode ser o maior obstáculo para seu crescimento profissional. Aprendi que, às vezes, as pessoas mais próximas a você são justamente aquelas que não querem que você esteja perto delas. Aprendi que podemos ser usados por pessoas mais espertas que nós, mas que, mesmo nesta situação, temos de agir de forma profissional e fazer o melhor que pudermos. Aprendi que diretores e chefes não dizem obrigado quando você faz um ótimo trabalho, mas te detonam quando você erra. Aprendi que o trabalho em equipe é possível, mas que sempre um na equipe torce contra.
Aprendi que viajar é uma ótima maneira de se esquecer dos problemas, mesmo que você esteja viajando a trabalho. Aprendi que as minhas amizades são eternas, mesmo que de alguns amigos eu lembre apenas do rosto. Aprendi que não devo exorcizar os momentos ruins, mas lembrar deles o menos possível.
Aprendi que não existe amor eterno e aprendi que tudo um dia acaba. Fiquei sufocado, pensando no porquê de tanta coisa e me esqueci de que viver é estar à sorte de toda sorte. Aprendi que meu pai, mesmo agindo de forma estranha, estava certo ao deixar-me tomar minhas próprias decisões. Aprendi que minha mãe, sempre tão protetora, plantou em mim a semente do carinho, do amor e da compaixão, mesmo que eu não saiba muito bem mostrar isso.
Aprendi que na vida o estranho é não viver. Aprendi a levantar os olhos e enxergar adiante, mesmo quando eu estava no chão pensando que aquele era meu último momento. Aprendi que não levamos nada para o outro lado, embora algumas pessoas achem isso perfeitamente aceitável.
E aprendi, acima de tudo, que a leveza da vida está em não torná-la pesada demais para ser carregada.