INERENTE METADE
Havia muito de mim em você,
em cada palavra, no ato dos gestos
e na condição do pensamento...
Havia a minha flor no teu jardim,
carregada de perfume, colorida de esperanças!
Havia também...
um coração apaixonado,
sentindo o pulsar do teu Eu, numa energia triunfal.
Até que um dia... em pleno inverno,
não mais você habitou o meu olhar...
e eu notei que somente o meu amor,
aprendeu a soletrar a palavra real.
A principio fiquei perdida,
um rio sem mar, um deserto sem oásis, uma rua sem saída...
mas no sussurro do Universo, foi o rumo da poesia,
que trouxe-me... de volta à vida.
Então, o silêncio surgiu no vácuo da imaginação,
modelando saudades, germinadas nas faces dos sonhos...
veio integrando as minúcias da alma,
paralisando desejos, entre ânsias inúteis...
e a procura por você meu amor, ganhou outro rumo.
E tudo isso, para que a sabedoria preenchesse de ânimo
a vastidão de minhas águas...
e iluminasse as paisagens do meu mundo!
Agora eu tenho certeza,
que o infinito renovará a nossa unidade.
Porque tu és a melhor parte de mim,
assim como eu sou tua: Inerente Metade.
Fim desta, C. Santos.