Dos amores que aprendemos
Tive dois grandes amores na minha relativa curta vida. Ambos duraram o mesmo tempo: um ano. Ambas as histórias começaram de uma renúncia, que no momento da escolha, por serem movidas pelo amor, não foram dolorosas. O primeiro, muitos conhecem a história, sendo que alguns amigos a conhecem tão bem quanto eu, em virtude das inúmeras vezes em que a contei e recontei, contando com a paciência e compreensão desses grandes amigos. Com o primeiro, aprendi o que de fato é o amor, o que ele significa e pode representar na vida de uma pessoa. Aprendi o que é se doar, se dedicar, cuidar, dar carinho, ser companheiro; mas esquecendo de me colocar em primeiro lugar. Não me arrependo, visto que ninguém erra por amar, ninguém falha em dar o melhor de si. Com o segundo, aprimorei ainda mais os aprendizados do primeiro. Dediquei-me como nunca, compreendi, até certo ponto fui flexível. Dessa história, as pessoas só viram ou tiveram conhecimento dos momentos bons, somente daquilo que eu permitia que vissem, que fizessem parte. Planejei, sonhei, conquistei! Não posso, em absoluto, dizer que perdi. Ganhei muito. Nesse momento, colho os frutos da semente que comecei a plantar um ano atrás. Boas! Proveitosas. Das duas histórias, tirei grandes lições. Da primeira, apesar de toda a dor e todas as feridas que carreguei por muito tempo, tirei a lição de que o amor sempre merece uma chance, uma nova chance, ou quantas forem necessárias. Que não é porque alguém te decepcionou, que outrem fará o mesmo. Do segundo, tirei o grande aprendizado de que sou eu quem tem que estar em primeiro plano, acima de qualquer sentimento, por melhor que ele seja. Passei os últimos cinco anos da minha vida me dedicando às pessoas, em especial esses amores. Planejei tudo o que eu pude, levando em consideração o nós, mas sendo injusto comigo mesmo ao não dar a devida importância para o "eu". Passaram-se quinze dias desse novo fim, ou recomeço, como quiserem interpretar. Já estou tão bem comigo mesmo, tão em paz, que mentiria se dissesse que não acredito mais no amor, ou que desconheço o verbo amar. Se vai acontecer uma nova história, um terceiro grande amor, eu não sei. Mas agora posso afirmar que talvez esteja iniciando-se o melhor de meus relacionamentos. Aquele comigo mesmo! Onde não haverá amor ou ódio, guerra e paz. Pode ser que ainda tenha muito de vitórias e derrotas. Mas compreendi que não preciso tanto assim de alguém para ser feliz. Preciso é de mim mesmo, sabendo que posso contar com meus amigos, sejam eles recentes ou de longa data, próximos ou distantes. A vida se encarregou de me fazer enxergar melhor tudo aquilo que me ocorreu de bom ou de ruim até agora. Digo que, daqui por diante, eu me encarrego do restante. Caso surja um novo amor, com todos os aprendizados que obtive, digo que será bem vindo. Caso não, continuarei com esse lindo relacionamento comigo mesmo, mas já sem procurar tanto, sem almejar tanto por alguém. Talvez, seja necessário que eu passe por momentos de solidão, nos quais poderei conversar comigo mesmo e saber onde estou acertando e errando, onde estou ganhando ou perdendo, mas acima de tudo, sabendo que dessa vez, pela primeira vez, eu estou vivendo.