Não há tempo a perder
Não sei bem como começar. Por onde começar. Dez meses atrás eu tomava a decisão que mudaria completamente o rumo da minha vida. Faria a escolha mais importante de todas as que já fiz. Oito dias antes daquele definitivo 21 de outubro, eu vivia, na mágica Copacabana, o dia mais lindo de toda a minha vida. O dia mais perfeito; aquele em que o mundo parou ao meu redor. Onde, mesmo em meio a milhares de pessoas, só haviam duas naquela avenida. Duas pessoas completamente entregues à paixão que nascia. Hoje, dez meses depois, sinto que algo mudou. Algo se quebrou. Não sei bem se a paixão esfriou, se o brilho no olhar se apagou. Mas posso afirmar com a mais absoluta certeza que o amor existe. Faz parte de meus dias, de meus minutos e segundos. Da hora em que acordo ao momento em que vou dormir, apenas uma imagem está nítida em minha mente. Apenas o gosto de um beijo está em minha boca. A imensa vontade de fazer o possível para manter viva a felicidade, o elo que uniu tão apaixonados corações. Não sou perfeito, claro. Sou apenas um ser humano. Cheio de falhas, de defeitos. Mas com o coração do tamanho do mundo. Coração esse que hoje é residido por apenas uma pessoa. Aquela que considero a mais importante para mim; justamente por ser quem esse meu coraçãozinho escolheu para amar, para cuidar, para fazer feliz. Gostaria de voltar no tempo, reviver a imensa magia do início. Tentar evitar alguns erros, multiplicar os acertos. Mas isso não posso. O que posso fazer é lutar ao máximo por minha felicidade. Não permitir que nada, nem ninguém, seja capaz de destruir tudo de bom que construí ao longo desse tempo. Mas não consigo ser forte o tempo todo, ser racional o tempo todo. Tenho meus momentos de fraqueza, de medo, de tristeza também. Apesar de estar com quem me faz tão feliz, deixei lá atrás algumas pessoas que também me eram importantes. E que hoje me fazem uma falta danada. É ótimo conquistar um amor, mas é terrível perder um amigo. Nessa "balança da minha vida" não posso ser injusto pro mal, nem mesmo para o bem. Dizer que ganhei mais do que perdi, ou vice versa, seria injusto. Está tudo na sua devida medida. Tudo com a sua merecida importância. Talvez, a maior injustiça comigo mesmo, seja a de priorizar tanto o meu coração. Ser passional demais, racional de menos. Da mesma maneira que não sabia como começar, não sei bem como terminar esse relato. O que posso dizer é que espero que, daqui a um ano, eu possa voltar a esse diário e dizer que nada acabou. Que não se perdeu. Que eu não me perdi. E, finalmente, que a decisão de mais uma vez amar, sem pensar em mais nada, não tenha sido mais um erro. Que tenha sido o melhor, mais sensato e mais bonito de meus acertos. Porque amar é viver. E, infelizmente, quem deixou de amar, ou acreditar nesse sentimento, já está morto há muito tempo.