Responsabilidades de um Querubim

Aquele que faz o Amor pode ser considerado uma das criaturas mais cruéis do Universo.

O Amor é complexo, recheado de suicídios quânticos, universos paralelos, sabedoria, ignorância, instinto, dinâmica, responsabilidade e, é claro, relatividade.

Ironicamente, nenhuma das características acima é tão certa quanto a relatividade. O Amor acontece de diversas formas, dependendo não só daqueles que amam, mas também do Universo no qual amam.

As consequências de um Amor podem ser inúmeras, por isso a responsabilidade de quem faz Amar é maior do que a daquele que ama. No entanto, vale desmentir o ditado: Você não se torna eternamente responsável por aquilo que cativa. Existe, ainda que numa proporção muito menor, uma parcela de seres humanos que é capaz de entender a complexidade de um Amor, mas apreciá-lo numa simplicidade sem igual.

Esta pequena parcela da população mundial não exige cuidados de seus "cativadores", uma vez que são capazes de acrescentar os sentimentos maravilhosos do Amor através do apreciamento da simples existência daqueles que Amam. Para estes sortudos, estar do lado de uma pessoa especial pode causar reações sensacionais que, para outras pessoas, geralmente só são alcançadas através do compromisso físico.

Ainda assim, nada melhor, na maioria dos casos, do que aproveitar do toque dos corpos. É por esse motivo, a intensidade do toque, que um constrangimento tão grande se propaga quando duas mãos se encostam sem querer. O medo de segurar a mão de alguém está diretamente associado à suscetibilidade do ato de Amar.

O que nos leva ao fator mais crucial do Amor: o conhecimento.

Um ser humano que entende o outro não precisa sentir-se separado de sua essência. Então relaçôes que permitem exposição de conceitos são geralmente evitadas, uma vez que levarão ao conhecimento da essência, tornando o Amor mais provável e a sensação de responsabilidade quase inevitável.

Portanto, o grande problema de fazer Amar consiste na ignorância social de interpretar esse novo Amor como aquele que é culturalmente aceito como absoluto. Um Amor romântico numa época victoriana, por exemplo, seria interpretado como um Amor victoriano. Mas como ser sucinto quanto ao Amor, se tão pouco é discutido sobre sua complexidade e seus níveis quânticos?

Igualmente incomuns são as discussões sobre as Responsabilidades de um Querubim, que é condenado por cada Amor que "dá errado". Não se pergunta, por exemplo, se a culpa dos resultados negativos do Amor pertence à soberania no assunto do Anjo, ou à ignorância do humano. Afinal, é trabalho do primeiro tornar tudo possível, mas é responsabilidade do segundo moldar o Amor de acordo com suas crenças, não com as da sociedade.