RAÇA DE HERÓIS -Capítulo 35 - Reflexos Do Mundo
Capítulo 35
Reflexos Do Mundo
Em diversas épocas da história da civilização, presenciamos o despotismo e o autoritarismo empreendidos contra aqueles que discordaram das ideias descabidas e infelizes, provindas de homens desconhecedores da compaixão e da fraternidade. Temos, como exemplos, o Nazismo, o Fascismo, a Inquisição, chacinas, abuso de poder e outras espécies de guerras que ainda ocorrem em nosso planeta.
Quem acredita no poder da opressão mostra o quanto é selvagem e primitivo. Quem quer dominar pela força e através de ameaças é porque não possui moral e argumentos convincentes para se fazer respeitar. É o ponto máximo da fraqueza.
Fomos nomeados e designados para cumprirmos com os desígnios de Deus e basta que as ilusões da matéria surjam para acharmos que somos detentores do mundo.
É chegada a hora de fazermos algo para reverter essas condições. O poder da força violenta não pode falar mais alto. Precisamos nos conscientizar de que ninguém é obrigado a concordar com nossa forma de pensar. Eu não estou no mundo para viver de acordo com as suas expectativas e nem você com as minhas. O respeito é cabível em qualquer hora e em qualquer lugar, e respeito não significa abaixar a cabeça e dizer que tudo está certo, mas sim apresentar propostas, e não impô-las, argumentar com serenidade e firmeza, avaliar a situação por diversos ângulos, observando os motivos e causas de qualquer acontecimento. Retrucar apressadamente e agressivamente é imprudência.
Todos os conflitos de todos os tempos foram gerados pela intemperança e intolerância humanas. Querer solucionar um problema de qualquer jeito, pela força ignorante, é criar nós em nossas vidas difíceis de desatarem.
Quando começarmos a combater os problemas pela raiz, estaremos, assim, combatendo eles em suas origens. Enquanto estivermos preocupados em apenas construir presídios de segurança máxima, formar policiais, construir hospitais, adquirir armamentos pesados para reprimir a violência, conseguiremos alguns resultados, mas quando analisarmos as causas e bases, trabalhando em cima de causa e efeito, teremos um êxito muito maior em nossas tarefas.
Exemplo: Um criminoso que está preso por ter cometido infrações graves contra a sociedade.
Primeiro: Como foi a infância desse nosso irmão? Em que tipo de atmosfera ele foi criado? Ele teve carinho, alguém para lhe orientar, que lhe falou de paz e de amor? O que o levou a se tornar o que ele é hoje?
Segundo: O que se pode fazer para conter sua violência de forma a educá-lo e não violentá-lo?
Terceiro: Se o interrogássemos, dando-lhe oportunidade de falar um pouco sobre sua vida, descobriríamos muitas realidades que desconhecemos. Esse questionário pode ser verbal ou por escrito, de acordo com a necessidade e interesse dos envolvidos nesse contexto, com perguntas do tipo:
Como era seu relacionamento com seus pais e família?
Como foi sua infância?
Do que você gostava quando era criança?
Como você ver Deus e Jesus?
Você gosta ou já gostou de alguém ou alguma coisa?
Quando alguém lhe dar ou lhe deu um abraço e um sorriso, como você se sente ou sentiu?
Você já teve um animal de estimação?
Qual o programa que você gostava de assistir na TV?
Para qual time você torce?
Qual a comida que você mais aprecia?
De qual cantor ou música você gosta?
O que é a morte para você?
Qual é o sentido da vida?
O que é amor para você?
Qual é o seu sonho?
Por que é que você fez isso? Está arrependido? Gostaria de corrigir isto?
Ao fazermos tais perguntas estaremos incentivando a pessoa a fazer uma introspecção, uma longa viagem em seu mundo interno, que pode estar maculado. O que fazemos ou fizemos é o reflexo de nosso interior, e para que esse reflexo seja hígido o íntimo dever ser medicado com pensamentos, palavras e atos que despertem naqueles que os recebem o anjo adormecido pelo cansaço de exemplos infrutíferos ou pelas escolhas alopradas instituídas para saciar a sede e fome de conquistas vazias.
Morando em locais onde ver-se apenas miséria, narcóticos, criminalidade, ou em mansões onde se pratica o desperdício, a ostentação e a indiferença; dificilmente formar-se-á pessoas amorosas em tais âmbitos.
E tudo começa dentro do lar. O pai, que às vezes chega nervoso em sua casa, pois teve um dia difícil no trabalho, necessita encontrar uma família que lhe aconchegue. A mãe, ao ter enfrentado problemas durante o dia, se compraz ao encontrar carinho no seio familiar. O filho que enfrenta problemas necessita de orientação e amparo. E assim, nos amparando mutuamente, nos pacificaremos.
Dois grandes males nas famílias de hoje em dia é o alcoolismo e o tabagismo que têm feito estragos de grandes proporções. Dominado pela vontade de beber e de fumar, e depois pelo álcool e o cigarro, muitos adquirem traumas, e reações agressivas são originadas. E tudo começou com um primeiro gole e uma primeira tragada. Mas duas forças, desconhecidas por muitos de nós é capaz de mudar tudo isso: A força da vontade e a do amor. Da vontade individual e coletiva e do amor pessoal e divino. Ambos ativos.
A semente divina plantada em nós, por nosso Criador, será uma árvore frondosa quando for irrigada. Dar carinho, educação, limites é dar a água, o adubo e o sol para que essa semente germine em nossas vidas. O ambiente que não tem a presença do Cristo está aberto para que diabos como o cigarro, o crack, a cocaína, a cachaça, a cerveja, a desonestidade, a pornografia, os palavrões, a indecência, os desperdícios e muitas outras variações de drogas venham adentrá-lo. E são nesses ambientes que se formam os foras da lei.
Talvez aquele irmão insidioso não teve ninguém para conversar e falar de sua dor. Não tinha dinheiro para ir a um psiquiatra para desabafar e dizer o que tinha se passado com ele. O que ele queria era falar para alguém que estava sofrendo, e praticar atos violentos é um reflexo do universo no qual ele vive ou foi criado, e acredita que as demais pessoas são felizes e ele não. Como não aprendeu a pedir, “por favor,” e por não compreender a lei de causalidade ele descamba para outros lados.
É preciso conhecer o lado correto e humano da vida. E esse lado correto e humano não tem nada a ver com dinheiro, mas com integridade, honestidade, atenção, afeto, humildade e decência.
Pais, avós, professores, família, irmãos de fé, sociedade, precisamos resgatar esses valores esquecidos ou ignorados por nós e passá-los adiante, porque agindo assim estaremos ensinando que não é a brutalidade que domina, mas a força do bem que prevalece e vence através da conquista.
Acreditar na tirania é entrar em choque com nossa essência divina.
Crer no trabalho honesto e na filantropia é ativar a redoma que nos protegerá de perniciosas influências e enfermidades.
Ficar enfatizando a violência e querer desforrar um ato violento com outro ato igual é nos mostrar iguais à esses que fazem aquilo que tanto abominamos. Como se pode ver não somos tão diferentes assim...
Os efeitos de boas ações podem não surgir de imediato, mas não podemos recuar e deixar que irmãos sejam massacrados por aqueles que não têm a capacidade de consideração para com o próximo e carregam consigo o recipiente do orgulho e da soberania. Não podemos permitir que uma criatura de Deus morra por não ter o que comer, por não ter alguém para conversar ou por não ter atendimento em um hospital. Buscar apoio e saídas para as dores do corpo e da alma é o nosso dever. Sozinho, não conseguirei mudar o mundo, mas conseguirei mudar a mim, entendendo que não posso esperar pelos outros, pois terei que responder um dia pelas minhas obras e não pelas da coletividade. E quando faço o bem que está ao meu alcance dou minha contribuição para que o bem total se instale. E não vamos esperar que a dor bata em nossa porta para que comecemos a fazer algo, pois aprender com a dor alheia a finalidade da vida e a prática da solidariedade é entender a mensagem sublime de amor do Evangelho que o Cristo deixou gravada em suas pegadas inapagáveis. E para seguir essas pegadas precisaremos caminhar por trilhas ermas, sombrias, mas segurando nas mãos do Rabi seremos guiados em direção à luz que nunca se apaga: A luz da verdade cujo brilho é capaz de fazer desaparecer qualquer escuridão. Essa verdade é o Código Divino que restabelecerá tudo ao seu devido lugar, e para que façamos parte dele teremos, antes, que deixá-lo habitar em nós.