SEM PODER AOS ADVERSÁRIOS

NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 18 DE DEZEMBRO DE 2013

Para alguém que não é do Recanto

Não permita que seus adversários tenham poder sobre você, fazendo-o apequenar suas próprias falas, Amigo meu. Não permita tal. Mantenha-se à sua própria altura, na sua própria altura.

Não me torne mais triste do que já estou, nesta tristeza quase mortal, que me marca cada dia. Ajude-me, ajudando-se. Ouso dizer mais: não ceda tão imediatamente, em todos os casos, aos seus primeiros impulsos, à sua primeira impressão sobre as coisas: às vezes, a primeira impressão sobre as coisas pode revelar-se algo enganosa. Não estenda seu rancor pelos adversários políticos ao seu olhar sobre tudo o mais. O rancor, a desconfiança, não devem se tornar um manto tão amplo assim.

Você é um ser de e para a justiça, Dom Quixote. Não restrinja o seu sentido de justiça, não o restrinja. Não torne a minha tristeza uma tristeza mortal. Não se deixe apequenar pelo rancor, nem pelo ódio. Não se deixe apequenar. Nada nem ninguém tem poder para torná-lo menos autêntico do que você é, do que sempre foi. O que lhe quero realmente dizer? Que recupere, também para si mesmo e para os seres que você ama e que o amam, a verdade do olhar que você dedica às crianças, aos animais, às plantas, aos desvalidos.

Não torne minha tristeza uma tristeza mortal, Amigo meu. Não a torne uma tristeza mortal. Eu quero de volta, em minha alma, plenamente, o homem que me encantou há tantos, tantos anos. Realize essa tarefa difícil, a de recuperar a esperança, a de renascer-se, fênix, a mesma tarefa que preciso realizar-me em mim. Eu espero por você, como espero por mim. Eu sempre esperarei por nós.