A agonia do amor.
O Amor, principalmente à primeira vista, começa por quase nada.
Um sorriso, Um olhar. Uma voz...
E tudo, porque estamos encantados com a outra pessoa, então, surge a paixão. Surge de repente, avassaladora, como se fosse uma onda gigante. No início, é tudo tão perfeito. Encontramos encanto até nos defeitos um do outro. Só porque estamos apaixonados.
Isso é normal, acontece com todo mundo, desde que o mundo é mundo.
Mas com a convivência diária, surge a rotina, aparecem dificuldades, problemas que precisam ser resolvidos. No dia-a-dia, ela acorda sem maquiagem, e ele com a barba por fazer, engordamos, deixamos de namorar, de sair, de dar, e de receber presentes, esquecemos as pequenas atenções, os mimos, que tanto tínhamos quando tentávamos conquistar a outra pessoa. Perdemos a atenção com o outro, só porque estamos vivendo juntos ou casados. Só porque está tudo "tão seguro".
Ai, as mágoas vão se acumulando, e pouco a pouco, as coisas vão passando, tão lentamente, que quase não nos damos conta. Estamos programados para aquelas sequências de ações, desde o acordar até o dormir, passando por momentos de euforia e de depressão, pelo ignorar a presença do outro, até o ato sexual. E com essas pequenas mágoas e rotinas, chegam os silêncios, pois se tornam desconhecidos dentro do próprio lar.
As mulheres, mais extrovertidas emocionalmente, queixam-se, mas os homens não as ouvem. Estão acomodados, preocupados com o trabalho, com os resultados do futebol, com as oscilações no trabalho, com o tamanho da saia da nova funcionária da empresa, e não escutam nada. Não compreendem mais o que significa "viver a dois".
Começam os questionamentos:
- Porque não saímos mais vezes? - pergunta ela.
- Você está sempre implicando com os meus amigos de futebol, resmunga ele.
Finalmente...
- Já não quero te ver!, berra ela.
- Eu saio, diz ele. Vou embora desta casa.
E ele vai, e ela o deixa ir.
Deixa-o sair da vida dela.
Passados dias ou semanas, ele quer voltar, reconhece que errou, promete mudar, compensar, recomeçar do zero. Oferece viagens, presentes, jantares e até uns passos de dança. Uma, duas, três, quatro vezes. A mesma história, de novo, de novo. E muito rápido tudo volta a suposta normalidade.
Mas como voltar outra vez?
De repente, muito antes dele sair, aquele amor, que começara por quase nada e acabara por absolutamente tudo, morreu numa lenta e dolorosa agonia.