Por que não damos valor?
Já se foi o tempo em que eu diferenciava amor e saudade. Hoje nos meus dias de escuridão só consigo enxergar a falta de quem partiu. Sempre tratamos de maneira muito igual sentimentos um pouco diferentes, pois quando alguns sentidos se apossam de nós, não conseguimos visualizar tempo e espaço dentro de uma mesma dimensão. Sabemos para onde correr, no entanto o caminho parece estar longe demais para ser alcançado.
É assim toda vez que penso no que poderia realizar estando ao seu lado. Em uma mesma dimensão, aquela completa e perfeita, todos os planos que fiz seriam fortes o suficiente para que ficássemos juntos para sempre, ou pelo menos enquanto durasse o respeito e o amor. Mesmo sabendo que nem sempre é assim que as coisas caminham, acabamos por ficar receosos de que algo feito possa ser o estopim para uma separação indesejada. Porém, isso não impede que os erros aconteçam, assim como não anula os perdões que oferecemos a eles.
Nada do que houve foi em vão. As eternas promessas de felicidade e amor são, basicamente, alimentos da paixão, aquela pólvora que faz incendiar o relacionamento. Mas se não vão durar, porque quase sempre tais promessas são feitas? Acredito na realização do ser humano quando este consuma suas vontades. Não é desconhecida a tese de que precisamos de um reconhecimento para aquilo que fazemos. Em qualquer lugar, saber que estamos no caminho certo valoriza o feito. No amor, quando a felicidade do outra pessoa é visível, passamos a nos valorizar por proporcionar esta alegria.
Sempre acaba sendo assim. Sentimos-nos muito bem quando fazemos alguém feliz, mas acabamos por nos valorizar menos justamente quando damos importância demais a outra pessoa. Não faz sentido que estejamos dispostos a nos sacrificar por alguém, ainda mais no amor, tão cruel e injusto. Esta visão pessimista pode não ser compartilhada por você que lê este texto agora, mas faz parte de uma história já conhecida que foca seu rumo na recompensa.
Existe uma intencionalidade por parte das pessoas em relação ao fazer tudo do bom e do melhor para mais tarde ser recompensada. Acredito que há um filete de verdade nisso, a partir do momento em que podemos, ao fim, estar aliviados na consciência. Mas atitudes iguais a esta nada mais são que o medo de ser feliz. Ora, se o amor é uma troca e procura o mesmo significado para ambos os lados, porque nos doar mais sem saber ao certo se estamos realmente felizes em tomar tal atitude?
Em um primeiro momento, esta entrega pode até nos fazer bem, mas depois de um tempo pode virar uma dor aguda que dura meses ou anos. O grande problema está na falta de valorização que damos a quem gosta realmente de nós. Não sei qual o motivo, mas o fato é que temos uma tendência a nos afastar de algo que representa algum tipo de felicidade. Basta que você olhe para si mesmo ou para seus amigos ou familiares. Este tipo de situação é muito comum.
Parece que gostamos de sofrer e ter aquilo que não podemos ter. Parece absurdo, mas estamos infinitamente insatisfeitos com aquilo que temos, mesmo que represente algo de grande valor. Me assusta a falta de auto-estima de muitas pessoas, que preferem alguém que não lhe dê tanto valor à alguém que seja capaz de ressaltar suas qualidades. Tal atitude é claramente uma mostra de fraqueza espiritual.
Penso bastante sobre as pessoas e o modo como se relacionam. Não acho que devemos passar pela vida e não fazer diferença. Temos e podemos fazer. O grande problema é quando você encontra alguém para a qual você faz diferença e prefere alguém que lhe rebaixe. Lembre-se de um ditado muito real: “não trate como prioridade quem te trata como opção”.
Lembre-se disso quando ouvir uma declaração de amor. Dê valor a quem tem você como prioridade.