Sou homo.

Sou homo.

O título, “Sou homo”, significa dizer que sou a favor do denominado “movimento gay”, embora sem ser homossexual.

Embora possa parecer que vou criar (mais) discórdias, não! As minorias, sejam elas quais forem, poderiam perceber que a Educação é uma forma de salutar condicionamento [v. Ivan Plavov]. Nesta perspectiva, o preconceito não é, necessariamente, negativo, e, sim, como a expressão indica, uma forma de conceber um conceito anteriormente estabelecido que passa a fazer parte integrante da própria cultura, tratando do que se conhece por normalidade. Logo, a "maioia" há de ser preconcebida, e respeitada, sob pena do esfacelamento da própria cultura.

Neste sentido, por exemplo, pode incomodar ver um casal (hétero ou não) abraçando-se e beijando-se eroticamente local público, ou praticando atos que deveriam ser reservados ou restritos à sua intimidade... Porém, o preconceito que degrada, humilha, ou faz sofrer a "minoria", isto é, é violento com o indivíduo (homem ou mulher) que não se enquadra no conceito preordenadamente fixado pela “maioria”, transmuda-se na mais indesejada discriminação - perniciosa, prejudicial, danosa, e, no mais das vezes, criminosa.

Assim, o texto a seguir é forte... veemente... mas, longe de incitar à retaliação, visa, exclusivamente, chamar à atenção para os que promovem a violência (verbal ou física) e causam a dor-sofrimento, mesmo que bem intencionados...

As discussões sobre a homo afetividade, que poderiam restringir-se ao plano da intelectualidade, isto é, sem sectarismos, radicalismos, ou maniqueísmos, e, sobre tudo, sem o indesejável fundamentalismo religioso, entretanto, não é o que acontece para alguns que se alçam a paladinos da defesa da natureza, da moralidade, e da família...

Ao invés de esclarecer, as opiniões são carregadas de discriminação, e os que se dizem não-homofóbicos acabam por disseminar a repulsa, o escárnio, e, não poucas vezes, a ira contra os homo afetivos, instigando a homofobia... estabelecendo a revolta, e, inclusive, a ira daqueles que lhes são favoráveis e contrários...imprimindo o mal-estar generalizado.

Nao se importando com o destino dos homo afetivos, desde que as suas “convicções” se imponham (a qualquer custo), não é sem motivo que se agravam os crimes contra a honra, as lesões corporais, e, os homicídios, praticados sobre os seus alvos, que, por eles, são vistos como abjetas pessoas do mesmo sexo que se acoplam a fim de satisfazer a lascívia.

Imprecam, indigitam os mais ácidos e vis ataques aos que decidiram nominar de “comportamentos homossexuais”, inculpando-os de terem a “opção” de agir como agem, ou seja, como escória humana, e que se propõem, consciente e voluntariamente, à prática do “mal” por serem como são..., ou anida, que o indivíduo (homem ou mulher) homossexual é “doente”, e une-se com pessoa do mesmo sexo com a exclusiva finalidade de ter relações sexuais.

Todavia, partem dessas falsas premissas, porque, a uma, a homo afetividade, no comum dos casos, é um estado biopsicológico do indivíduo que nasce assim, e não uma conduta moral preestabelecida (como ninguém é heterossexual porque quis ser), por conseguinte não sendo um alternativa comportamental, e, a duas, quanto à “doença”, a visão é biunívoca, e mutuamente excludente, pois o indivíduo “doente” não tem consciência e vontade de autodeterminar-se com o que faz, e, tampouco, teleologicamente, resultando em que ou se exige uma “responsabilidade” de quem não a tem, ou se trata o doente como “responsável” causador da própria “doença”, que poderia se “curada”: haveria como “curar” o heterossexual para fazê-lo ser e tornar-se homossexual, ou bissexual etc. ? E o homo afetivo, e fosse doente, deveria ser curado, ou responsabilizado, degradado, e punido por ser um doente ? As assertivas e indagações se perdem em si mesmas!

Assim, em verdadeiros acessos de cólera, desrespeitam e desprezam a individualidade, a dignidade, enfim, o estado sentimental e emocional do homo afetivo - que é como é, e não, via de regra, como prefere ser...

Com a mídia sendo acessada por milhões de pessoas a cada instante, e em plena expansão, não há (mais) quem possa se prostrar como simples “distraídos” e passarem-se por puros, inocentes, e inofensivos nas suas posturas, e não saber das implicações e drásticas consequências das suas manifestações, principalmente se quem as faz pode promover e contribuir para a (acirrada) animosidade – quantos jovens e adultos homo afetivos não têm a compreensão do seu estado natural, e têm de sair de casa... ou sãos postos na rua? Importa-lhes a desagregação da família? Quantos homo afetivos são aviltados, massacrados, e podem se sentir “culpados” de suas naturais situações, como se fossem “anormais”, “imorais”? Isto importa a quem os acusa? Isto é, realmente, bom, e do bem?

Com isto, os moralistas de plantão não percebem o gravíssimos prejuízos e danos que causam aos indivíduos que acham, julgam e decretam ser doentes.

Neste descompasso, reverberam no sentido diametralmente oposto a que informa o mais elevado órgão internacional que classifica os medicamentos e enfermidades em geral, como norte de todos os que estão relacionados com a saúde, que é a OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE -, que não apresenta a homossexualidade como doença, o que quer dizer não ser o homo afetivo enfermo passível de tratamento.

Idem, ao que informa e comanda a mais alta Corte de Justiça do Brasil, que é o STF - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL -, que cuida da salvaguarda da CRFB (Constituição da República Federativa do Brasil), e, desta feita, da dignidade da pessoa humana - Art. 1.º, III - onde e quando a homo afetividade é - constitucionalmente – considerada, protegida, e, portanto, respeitada.

Porém, nem nestes casos, onde a homo afetividade não é sinal de doença, ou anormalidade ética ou moral, e a Constituição Cidadã a respeita, ainda há aqueles que não dão a mínima importância a estes fatos, e, de forma soberba, atropelem os retrocitados pareceres persistindo em desrespeitá-los como senhores da verdade, divulgando que os homossexuais são doentes, imorais, e contrários à família e à natureza humana por não poderem gerar filhos.

Os que defendem essa “tese” certamente têm dezenas e dezenas de filhos, e, à la fois, esporádicas, ou raríssimas relações sexuais, na medida em que de nove em nove meses as suas mulheres estarão grávidas - e a relação sexual diversa da conjunção carnal, para o prazer, em sendo tida e declarada pecado, consistiria na mais flagrante concupiscência, ou na mais sórdida e vil sodomia, enfim, uma verdadeira aberração.

Sob este prisma de visão, os fundamentalistas eliminariam, de imediato, a liberdade das mulheres em fazer o imprescindível Planejamento Familiar (não o chamado “controle da natalidade”, que tem origem despótica), banindo os meios contraceptivos, tais como, o diafragma, a pílula, camisinha, e, até mesmo, as tabelas periódicas de menstruação - ovulação - secularmente adotadas...

Quanto a hipoteticamente deixar-se um casal de homo afetivos numa ilha sob pena de ser extinta a espécie humana por não poder gerar filhos, o mesmo ocorreria se o casal heterossexual, nestas circunstâncias, fosse estéril ou infértil por qualquer motivo... ou tivesse feito voto devocional de abstinência sexual... e nem assim a humanidade não estaria “ameaçada” (como dizem)...

Dizer que o homo afetivo tem a sua vida concentrada em fazer em fazer sexo sem poder ter filhos, é tão leviano, e hipócrita, quanto dizer que o heterossexual tem a sua vida concentrada em fazer sexo para ter filhos: aqui e ali, não haveria mor, afetividade, respeito etc., mas, sim, um bando de animais que só tem o sexo como fundamento de suas (miseráveis) vidas!

Isto, só para mencionar o quanto o radicalismo alucinado, trombeteado aos quatro ventos, pode distorcer a mais visível, paçpável, e verdadeira realidade fática...

Apelando para o pecado, que “moralidade religiosa” é essa que vai de encontro ao mais importante mandamento, depois de “amar a Deus sobre todas as coisas”, que é “amai uns aos outros” [1 João 4,11] ? Fazendo e promovendo a reprovada discriminação negativa sobre os irmãos em Cristo Jesus, será que só são considerados irmãos os que jogam no mesmo time? [v. “Carta minha” – www.recantodasletras.com.br]

Se Deus quer, por Jesus Cristo, a comunhão de todos os indivíduos, sejam eles quais forem, e façam o que fizer, porque Ele não faz acepção de pessoas [Deuteronômio 10,15-17], a quem Ele deu a prerrogativa de distingui-las e separá-las – e execrá-las?

É mais que óbvio que ninguém há de concordar com o pecado, ou com a desmoralização individual, familiar, e social! No entanto, quem se presta a imprecar determinando a homo afetividade como um comportamento de pecadores tem a responsabilidade de perceber que promove, com a sua visão aguçada para a malícia e iniquidade, a dissenção entre pessoas, e que essa sua conduta, como disse no início, imprime, sob os aspectos individual e psicossocial, o incentivo à prática dos crimes contra a honra, lesões corporais, e, o homicídio.

A exacerbação não é boa conselheira! Para impor os seus pontos de vistas chegam à obcecação de não se importarem com a dor-sofrimento de quem está na mira dos seus enraizados fundamentalismos.

Mormente os chamados “homens de deus”, como esbravejam, pulam, gesticulam, dançam... numa extasiante alegria em maltratar, humilhar, vilipendiar o “irmão em Cristo” - que não pensa e não age como eles...

Nos seus privilegiados pedestais, arvorando-se à superioridade de terem verdades absolutas, e até de “falar diretamente com Deus”, desprezam a tristeza, o transtorno, o pavor de ser fisicamente agredido nas ruas, e, ou, morto.

Os ataques, que chegam às raias da ferocidade, aos indivíduos (homem ou mulher) que não são héteros em nada condiz com a realidade divina. No primeiro caso, se a concupiscência, ou a sodomia, deve ser reprovada, ou se o homo é considerado doente, como fica a Palavra de Mateus 9,12 (?): - Jesus, “porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes”. E quem não seria “doente” neste mundo? Ou existe alguém, por mais especial que se considere, ou que o considerem, que seja são?

Ninguém há de negar a imprescindibildade da psicoterapia nos casos de transtornos (ou doenças) mentais. Mas daí a considerar a homo afetividade como tal, é fugir e refugir à mais tranquila realidade fática.

Que “amor” é esse pelos irmãos que deixam de ser irmãos se não pensam e agem estritamente como querem os (falsos) moralistas? Os homos, certamente, estão mais perto de Deus que estes... na exata medida em que se amam, e amam a todos sem exceção...

Já a ideia fixa com a sexualidade vai da malícia de cada um... e se há doentes nessa relação de violências (verbais e físicas) àqueles que são homo afetivos, os reais enfermos são os que têm a compulsão em atacá-los, haja vista esses comportamentos serem evidenciados, com as suas práticas, comprovados em si mesmos, na mais visível e flagrante Obsessão em que estão envolvidos – na maioria dos casos de forma sub-reptícia, ou até insciente (aqui sim, tem cura e merece tratamento psicoterápico, o que não desmerece ninguém, pois é só uma doença...).

Bjs. com muito amor aos homos, héteros, bi, entendidos, no armário etc., e todas as pessoas – pecadoras ou não!

Paz e bem!!!

Niterói, RJ, 12/07/2013

Rodolfo Thompson - OAB(J): 043.578 – Cel. (04121) 8100-9806.

Ps. Será que os indivíduos dos países, como, por exemplo, da França, são imorais, ou pecadores, por respeitarem a dignidade da pessoa humana? De certo, para os puros (ou puritanos) os integrantes da OMS e do STF são todos pecadores...

Ps. 2 Quantos héteros, e inclusive religiosos, têm péssimo caráter, e homos (bi etc.) são excelentes pessoas... ?

Ps. 3 Este texto tem razão de ser para chamar à atenção dos que se imiscuem, de forma violenta e iníqua, na vida alheia...

Rodolfo Thompson
Enviado por Rodolfo Thompson em 13/07/2013
Reeditado em 15/07/2013
Código do texto: T4384781
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