O Perfume de Jesus
“Porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui peregrino e me acolhestes, estive nu e me vestistes, enfermo e me visitastes, estava na cadeia e viestes ver-me.”
Quando o irmão Jesus disse essas palavras sabendo que dentro de dois dias seria cruxificado, descreveu como em todo o seu evangelho de amor, qual a conduta da humanidade perante os irmãos menores: aqueles que sofrem como ele sofreu em vida, a ingratidão dos homens.
Porém ninguém jamais teve o seu dom de amar: de amar os fracos para tornardes fortes. Quando ergueu Maria Madalena, a prostituta que seria apedrejada pela multidão, retirou da terra uma flor ferida.
Enxergou a rosa caída e apenas, lhe ajudou a liberar seu perfume. Deste modo liberou muitos frascos. Onde os homens viam leprosos, cegos, paralíticos, Jesus avistava a essência. Não da aparência, mais da pureza e bondade de cada ser.
Apenas ele poderia sentir o perfume que exalavam desses frascos esquecidos. Sabia que uma árvore mesmo com suas cascas envelhecidas pelo passar do tempo, não deixava de ser o que era, apenas se deixava modelar pelo arquiteto do universo. O importante não eram suas marcas presentes pelo lado de fora, o que a tornava forte, rígida pára superar suas modificações nunca foram sua beleza exterior, mais o que nascia em seu interior era o verdadeiro alimento de sua alma.
Poderia uma árvore suportar um temporal se a sua raiz se negasse a se juntar com a terra? Poderiam sua folhas almejar o alto se tivessem inveja da beleza do azul do céu? A grande lição do irmão Jesus, não esta em sua morte na cruz. Ele precisou mostrar a casca de sua dor para que os homens percebessem a verdade de suas palavras apenas.
A sua grande lição foi em vida, pois em vida foi que ele amou o que a sociedade desprezou. Foi em vida que ele comprometeu-se com os oprimidos e plantou a esperança.
Quando lhe puseram o madeiro pesado em seus ombros. Quando cuspiram e rasgaram sua carne. Quando os pregos atravessaram seus pulsos e seus pés. Quando o vinagre amargou seus lábios. Quando sua voz clamou ao céu e a lança perfurou seu corpo, seu único ato no abandono de seus discípulos e seguidores foi deixar-se quebrar para que todos pudessem um dia sentir o seu perfume – o amor. E com esse perfume regar as flores injustiçadas do mundo.