VEM ME AMAR
Vem...
Toma-me à beira da noite,
caminha por mim
com teus passos molhados,
despeja teu rio no meu cálice
e me adorne com teu véu.
Vem...
Que te dou um trago
deste meu vinho guardado,
das minhas uvas
Frescas de inverno...
Inebriando teus sentidos
Fluidificando tuas vontades
Vem...
Que eu derramo em gotas meu perfume
pelos quatros cantos do teu corpo,
vestindo tua pele com meus pêlos,
Aquecendo tua nudez e teu silêncio
Vem...
Sente meu desejo
se esgueirando pelos seus dedos,
veleje sem bússola
pelos meus sentidos,
me olha como quem tem fome de mim...
Deixa-me sussurrar minhas folhas,
soprar minhas pétalas
pelo teu peito de relva,
pelo teu solo macio.
Vem...
Toca-me feito música
E deixe-me cantar meu bolero
pelo teu corpo de carne...
Desvenda essa gruta molhada
e me mostra a tua vertente original
Que eu te espero na branca paz
do meu ventre adormecido,
dos meus braços plenos
de fogueiras e cantigas.
Vem...
E desfolha
toda essa minha vontade nua,
que eu desperto de toda essa fúria
Dessa louca vontade de te amar.
Vem...
Não demore a chegar
Vem que meu desejo te espera
Esquece a hora morta
do cotidiano de sempre
Vem...
Vem comigo...
Vem me amar
Claudia Nunes e Regina Krauser