Aquele amor
Somos controlados pelos limites. Uma barreira invisível que nos impede de migrar rumo ao nosso inalcançável.
Até o alguém sem juízo tem juízo suficiente para o limitar.
A morte talvez seja nosso maior agente limitador.Buscamos em consultas e tratamentos mágicas fórmulas para derrotá-la. Porém o máximo alcançado é o adiamento desse limite.Ela vai te limitar.
Mas como viver de uma maneira inocentemente despretensiosa?
Como acordar livre de qualquer amarra que o segura?
Os que conhecem o amor costumam ter as soluções para as mais complexas questões. Não me refiro a qualquer amor, mas sim aquele amor contado por poetas que o descreviam quase melhor que o próprio amor.
O amor responsável pela sua taquicardia
pela sua insônia
pela sua desejada tempestade
por pensamentos que você jura não querer mesmo se achando com um sorriso quando neles pensa
por seus surtos filosóficos
por seus momentos de poeta
pela busca do ódio inexistente
pela sua desconhecida queda por filmes românticos
pelos seus rabiscos na mesa da escola
pelo seu novo lado sensível
pelas suas contradições
pelo monopólio da sua mente
por suas noites bem dormidas.E pelas mal dormidas também
pela certeza de que eu não sei viver sem ter você
pela loucura de ganhar um dia pensando em alguém que não perde um minuto pensando em você
Ah o amor...o amor que te dá o inalcançável
Ah o amor... que prolonga o limite a uma condição inatingível
O amor que te faz olha o céu
que te faz contar as estrelas
que te faz preterir o verão pela primavera
que te faz fazer tudo por ela quando não se tem nada dela
que te faz acelerar ao tocar do telefone.Será ela?Não era.Por que seria? Você jura ser a última vez.E o telefone toca novamente e você se vê com as mesmas expectativas.
que te faz interpretar o que não foi dito
que te faz achar a ilusão doce
que te faz compreender os românticos e os poetas
que se faz presente na ausência
que não te faz viver os dias iguais
e que não te deixa vivê-los diferentes
Ah o amor...culpado pela sua inspiração
E culpado por suas palavras
Ah o amor...que me faz fazer isso aqui
Tão intenso que o faz querê-lo até não correspondido
Ah o amor! Poderosamente invulnerável.Nas vagas e passageiras conclusões chega-se a ponto de detestá-lo.Não dura mais que segundos para voltar a certeza de que, entre rachaduras e arranhões, o arrependimento inexiste e a paixão segue intacta.
Não há atalhos.Nem entradas.Saídas muitas vezes não.
Ê amor...que não te deixa dizer adeus meu amor
As portas ficam mal trancadas.
As janelas escancaradas.
Que pode um apaixonado senão amar?