RECOMEÇAR

Cabisbaixo, olhava a vida com desconfiança. Sentia-se um covarde. Um fraco. Um ninguém. Desde que aconteceu o fato, não mais dormiu, comeu ou descansou. Fez do trabalho uma fuga. Mas, o amargo da decepção, insistia. Ao olhar o mar, lembrou-se de quando O viu andando sobre as águas. O convite “Venha Pedro”; foi. Andou sobre as águas. Logo depois olhou para as montanhas e outra recordação que jamais esqueceria: Quando O Rosto Dele resplandeceu num brilho inesquecível e da voz: “Este é Meu filho”. Sentiu quando uma lágrima rolou em seu rosto de pedra. Pedro. Pedra. Mas, e agora? Quando Ele mais precisou, não esteve presente. Muito pelo contrário, negou-o. Três vezes. Três... Três. Não havia como recomeçar. Como olhar naqueles olhos tão profundos. “Sou um... Um... Ninguém... Um nada...” pensou. “Ele morreu sozinho”. Acabou. O velho pescador, só queria uma oportunidade de olhar Dele mais uma vez. Mais uma vez. Explodiu num choro compulsivo. Assim ficou até que alguém se aproximou. Rapidamente secou o rosto e ouviu: “O MESTRE VIVE”. A frase impactou o coração do pescador que segurou os ombros do mensageiro com força: “O que você diz?” perguntou. “O Mestre vive e te chama”. Mais uma vez, largou tudo e foi para viver, a oportunidade de recomeçar. Assim foi com Pedro. Assim é comigo, assim é com você: Recomece!