O olhar de Cristo
 
   De longe e com a face escondida nos mantos para não ser reconhecida como uma  simpatizante da causa nobre do amor, acompanhava a turba ensandecida.  Ante a violência que presenciava chorava por nada poder fazer; estava escrito e cumprira-se a Palavra. Ele trouxera a Boa Nova e por ela estava a sofrer nas mãos daqueles que a negavam.   A cada ofensa que ouvia ser dirigida a Ele, sentia dores no peito. Lágrimas escorriam e misturavam-se às palavras sussurradas:

- Pai amantíssimo, sustenta-O neste momento de extrema dor, conforta-O com o Teu amor. Quem dera pudesse agora abraçá-Lo para amenizar a tristeza de ver a multidão deixar-se levar pelo rancor. Eu acredito e serei seguidora da palavra iluminada, ela é a salvação e forte rochedo neste mundo de aflição.  Permita Senhor, que Ele receba meu pensamento de carinho e força. Nada posso fazer, a não ser reafirmar minha fé no conforto  que Ele nos trouxe  com suas lições de amor e perdão.  

      Ante o pesado fardo da cruz, Ele fez uma breve parada e   fitou os olhinhos arregalados de uma criança a segurar o rostinho com as mãozinhas em expressão de piedade.  O doce olhar de Cristo e as palavras em sua mente fizeram-na sorrir:
- Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus. (S. Mateus, cap. V, v. 8.). 
       

  Naquele momento, a mulher, num ímpeto de coragem, aproximara-se  um pouco mais. Por um breve momento seus olhos encontram os de Cristo e entendeu que Ele havia recebido as palavras de sua oração sincera.  Embora o tumulto  da multidão para ver o sofrimento do Mestre tivesse aumentado,  a mulher  sentia paz no coração. A paz do Mestre Jesus! 

 
Maria Inez Flores Pedroso
Enviado por Maria Inez Flores Pedroso em 29/03/2013
Reeditado em 30/03/2013
Código do texto: T4214383
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