Quando se fica muito tempo preso
Tive um sonho esta noite, onde com extrema dificuldade, aproximei de um prisioneiro e consegui soltar as grossas correntes que estavam em torno de seu pescoço, foi um processo lento e complicado pois, o mesmo agia como animal selvagem, impedindo com bastante agressividade a minha aproximação; tinha ficado tanto tempo preso, que acabara por amar a corrente que o prendia e o simples fato de alguém TOCA-LA o apavorava.
Não vou entrar no mérito dos motivos de quem o prendeu, pois até um sequestrador tem a sua motivação, mesmo que VIL.
Natascha Kampusch desapareceu a caminho da escola, na Áustria, em 1998. Em 2006, aos 18 anos, ela reapareceu em um jardim de Viena depois de escapar da casa de seu raptor aproveitando um momento de distração. Em uma declaração à imprensa, ela afirmou o seguinte sobre os oito anos que passou trancafiada em uma cela abaixo do porão do homem que a seqüestrou; "Minha juventude foi bastante diferente. Mas também evitei diversas coisas - não comecei a fumar ou beber, ou a andar em más companhias".
Natascha havia ficado tanto tempo aprisionada que tinha dificuldade de perceber com clareza a realidade, vítima que foi de um forte trauma, em um gesto desesperado e em geral inconsciente de preservação pessoal, ela parecia estar sofrendo de síndrome de Estocolmo.
De um modo geral quando existe um desequilíbrio extremo de poder, a parte oprimida se submete para sobreviver e se adapta as condições impostas é o poder de adaptabilidade, que é uma característica não apenas humana.
Se tal comportamento ocorre até mesmo em poucos dias, imagine leitor, a consciência humana aprisionada em sua cela, chamada Terra, por EONS, tirar suas correntes não seria um trabalho simples, sempre que a inspiração o permite, usamos a poesia para adentrar realidades incognoscíveis.
Inicio o dia de hoje vós convidando a esta reflexão.