O Espetáculo
No recôndito dos sonhos ficava,
Medo de olhar pra fora das portas do meu quarto da vida,
Sem coragem de caminhar, sem coragem de abrir os olhos,
Banhado no silêncio, sem querer nem respirar,
No medo de se ferir quando começasse a chorar,
Já quase sem forças de viver para sorrir.
Já sem esperança, sem ver a luz que poderia ainda brilhar,
No fim de um negro túnel, já nem se dava para caminhar.
Doía ao fundo da mente que escorria em fel ao coração,
Um pensamento vazio que não conseguia um vulto para se lembrar,
Anos como se fossem séculos, milênios, ou eternidades,
Sem ninguém para poder acompanhar,
Ou ao menos para ter como companhia,
Mas, nas mangas do grande mágico, se escondia o lenço,
Lenço que enxugaria as lágrimas,
Que cortavam o rosto triste, e banhavam o coração,
Num espetáculo especial trouxe ao palco da vida o brilho da reconquista,
Eis que tirou da cartola, o sorriso e a alegria,
Mostrando que a vida é na verdade a caixinha de surpresas,
Renascendo a esperança, de ver que para sempre,
Agora haverá grandes lembranças,
Lembranças de alegria, de vitórias que viria,
Quando não mais havia força, agora já sorria;
Vendo em um sorriso sincero, o rosto simples que se tornou belo,
A companhia, que não mais acreditava que um dia encontraria,
Tão bela, doce, alegre, extrovertida,
Trouxe de novo as estrelas do espetáculo, os fogos da festividade,
Os aplausos que faltava, para o ato se concluir,
Já não mais só, mas agora ao sentir um aconchegante abraço,
Beijo que antes não tinha, agora o afago ao coração,
O conforto em renovação da mais pura alegria,
O amor que não se tinha, agora preenche a vida.