SAUDADE E PRESENÇA

No início da madrugada de 18 de novembro de 2012

Vosso nome é Saudade, Saudade de vós, Saudade de mim, Saudade de nós, saudade do mundo.

Se vosso nome é Saudade, por que vosso nome continua só Presença, também? É verdade que me falta a presença de mim, e me falta muito da presença de nós, e me falta a presença do mundo; é verdade, mas, enquanto me houver em mim vossa Presença, poderei acalentar, ao menos, a Saudade de mim, a Saudade de nós, quem sabe até algo da saudade do mundo, quem sabe...

Como é possível que vossa Presença permaneça assim, incompreensivelmente... inapelavelmente... sentença definitiva de um destino? A verdade é que é mesmo assim. Se há décadas é assim, porque tal mudaria agora, meu senhor? Se sabeis a resposta, dizei-ma, não há outro modo de vos pedir isso senão com esta linguagem antiga, vinda sabe-se lá de que tempo e de que mundo de nós. Se sabeis a resposta, dizei-ma, senhor meu. Dizei-a, a mim e a vós, dizei-a a nós, meu senhor. Em nome das mesmas de sempre alianças invisíveis no dedo anular da nossa mão esquerda. Em nome das nossas alianças invisíveis, dizei a resposta, se vós a sabeis.

Escrita na noite de 17 de novembro de 2012