FEITICEIRA
Como te vejo, meu docinho...?
Tem sido dito que o problema com o céu é que por lá não ha sexo.
Mas que conceito incompleto de paraíso!
Mas como habito a terra, o planeta onde se pode viver o tudo, pois tudo é prazer da matéria, é o viver ilusório, deixo a carne falar mais alto e vejo-te assim, como uma gatinha... Que faz a minha mente vagar por lugares distantes.
Vejo-te como menina frágil e carente, mas ao me aproximar e olhar com olhos de macho descubro a tigrina que habita sua alma e percebo, que aquela gata macia e manhosa se transforma em felina, e quando vai à caça, vai para trazer, não adianta a presa querer escapar porque vai ser apanhada e finalmente aprisionada. Eu não a entendo, feiticeira.
Você se parece um pouco com quem eu já conheci...!
O rosto angelical, cabelos negros e escorridos, dentes perfeitos numa boca carnuda que leva a minha libido ao extremo. O seu pescoço é a ponte da minha ilusão maior, e por ele eu trilho os caminhos da minha felicidade, levanto os seus cabelos e vou percorrendo languidamente, cheirando e lambendo, e caio nos ombros que se curvam e me empurram para o colo dos seios. Como são lindos, como são belos!
Feiticeira, estou completamente encantado. O prazer que embriaga um homem, já verte pelos meus poros, minhas narinas estão dilatadas; estou aprisionado no seu corpo e na sua alma me embebeda.
Como a vejo...?
Vejo-te como uma mulher encantadora.
como uma sereia que enfeitiça.
Como uma menina que caminha macio flutuando sobre mim, com passos calculados, que ao invés de me ofender, me excita. O tapa da pantera, que arranha, rasga, mas dá prazer.
A dor é prazer, porque viver dói!
Tu és a verdadeira "Pantera Negra", com olhos cor de âmbar que brilham na escuridão da caverna da minha existência.
Vejo-te como o símbolo do desejo;
Das pulsões reprimidas;
Dos desejos inconfessáveis.
Vejo-te como o símbolo atávico do meu inconsciente.
Que rompe a tele mental e cai no consciente me fazendo sentir gente!
A fera, a energia sexual, primitiva e instintual.
Vejo-te como o feminino-lunar, que esparrama a luz do sol sem quimar!
A eroticidade, a sensualidade, a sedução, a doçura do perfume da sua pele que embriaga, mas pode sufocar.
A flexibilidade, a instabilidade psíquica, a metamorfose, a ferocidade, o pavor que sinto só de pensar!
Quando penso em Você, vejo nós, e a paralisia e a morte vêm me rondar.
É a paralisia que me alça e a morte que me faz reviver.
Grudado em sua alma,novos mundos venho a conhecer.Um mundo jovem, saudável, inteligente, desapegado, sem pre-conceitos, de amor livre, sem barreiras, iluminado, onde o importante é gozar, é viver...!
Parece-me que apenas em situações extremas seu sossego é perturbado.
Vejo-te como a verdadeira Pantera Negra que não avisa quando vem. Negra como a noite, de rastros invisíveis, custa a aparecer, custa a atacar. Mas quando chega, é de uma vez só.
Ninguém segura o bicho!
Ninguém domina a fera!
Menina mulher, você é isso e um pouco mais...