TEMPO CONGELADO
Congelamos nosso tempo, Amigo Meu, mas, não pudemos nos congelar no tempo. Permaneces o que sempre foste e
outro, a mudar em mim, como eu, certamente outra a mudar em ti, sem saber se te permaneço algo daquela que fui. Eu, a mudar em mim permanecendo-me, mas como um Mistério, como o Mistério que és, como o Mistério que fui em ti, que já não sei se sou, (se me decifraste, nunca o disseste a mim). O que fazemos, Amigo Meu, neste e deste tempo-limite que jamais nem tu nem eu pudemos, jamais poderíamos ter imaginado que viesse a ser o que é, a ser o que se tornou...
Partir... tu talvez o possas... eu não o posso, certamente não. Não tenho o direito de partir, de ti, de nada, de ninguém... E se tivesse o direito de partir, a que lugar e dirigindo-me a quem eu poderia e teria, ainda, o direito e a condição de me dirigir? Há vidas demais entre o que eu poderia ainda me atrever a ousar querer, por um minuto que fosse. Há vidas e sentimentos demais. Vidas e sentimentos demais, Amigo Meu.
A mim o que restou senão desejar que consigas partir?
Na tarde de 04 de setembro de 2012.