NOVA HISTÓRIA NA SOLIDÃO DA SALA
Cansada, eu...
Me deito devagar, com jeito
Empurrei a hora
O tempo que deu
Vim da sala
Sentada no sofá
A mão espalmada
No livro do Stan
Olhando a sala
Tudo morto ali
Tanto livro lido
Tudo morto
Os papeis das páginas
Das capas velhas e das novas
Enfileiradas, tudo morto.
Até as prateleiras caladas
A mesa preta
Quatro lugares
De ninguém
Casa sem lares
Madeiras foram árvores
Belas ao vento, talvez.
Tudo morto
Só eu vivo aqui
Só e com dores.
Vida há na varanda
Enquanto me ergo
E bebo um copo dágua,
Vive a acerola viçosa
Vive também os bulbos e a parreira nova.
Alguns brotos fortes já deram as caras,
Lembro quando eu tinha quinze anos.
Ia pela calçada de Leopoldina
E me sabia bonita
Linda pele
Jovem, perfeita e bela.
Os cabelos eram fartos
Brilhantes, e eu sabia.
Com orgulho e prazer
Eu pisava as calçadas
Da Rua Cotegipe.
Eu ainda estou viva
O cabelo ralo conserva a cor
Os olhos tristes conservam o brilho
De quê?
No joelho os gelos
Era 2005 ou sete e muitos zelos.
O tempo mudou
E o velho Ghuna disse que há vida em mim
Disse para eu dar vida a todas as outras coisas; os livros
as paredes
os móveis.
O que compus ao viver
Vive em mim ao viver.
Contemplar o que há de belo em mim.
O tesouro que não corroi e tem gerado belos textos...
...Quanto de amor para dar e receber ainda.
Dá um sorriso disse ele.
Ergue-te
Navega por cima do dilúvio
Reconstrua de alguma forma todas as belezas que um dia postaste no mundo.
A vida não acontece só lá fora.
A vida está dentro do peito junto ao coração que bate.
Saudade de algo que não aconteceu...
Pelo hoje que ainda não vivi
Estou plena e a palavra ecoa.
Hoje o meu neto veio me visitar, e toda a sala se enriqueceu de glória.
A mesa da sala rangiu sua madeira contente
As paredes se calaram ao seu encanto presente
E os livros tremularam as páginas escrevendo nova história.
Cansada, eu...
Me deito devagar, com jeito
Empurrei a hora
O tempo que deu
Vim da sala
Sentada no sofá
A mão espalmada
No livro do Stan
Olhando a sala
Tudo morto ali
Tanto livro lido
Tudo morto
Os papeis das páginas
Das capas velhas e das novas
Enfileiradas, tudo morto.
Até as prateleiras caladas
A mesa preta
Quatro lugares
De ninguém
Casa sem lares
Madeiras foram árvores
Belas ao vento, talvez.
Tudo morto
Só eu vivo aqui
Só e com dores.
Vida há na varanda
Enquanto me ergo
E bebo um copo dágua,
Vive a acerola viçosa
Vive também os bulbos e a parreira nova.
Alguns brotos fortes já deram as caras,
Lembro quando eu tinha quinze anos.
Ia pela calçada de Leopoldina
E me sabia bonita
Linda pele
Jovem, perfeita e bela.
Os cabelos eram fartos
Brilhantes, e eu sabia.
Com orgulho e prazer
Eu pisava as calçadas
Da Rua Cotegipe.
Eu ainda estou viva
O cabelo ralo conserva a cor
Os olhos tristes conservam o brilho
De quê?
No joelho os gelos
Era 2005 ou sete e muitos zelos.
O tempo mudou
E o velho Ghuna disse que há vida em mim
Disse para eu dar vida a todas as outras coisas; os livros
as paredes
os móveis.
O que compus ao viver
Vive em mim ao viver.
Contemplar o que há de belo em mim.
O tesouro que não corroi e tem gerado belos textos...
...Quanto de amor para dar e receber ainda.
Dá um sorriso disse ele.
Ergue-te
Navega por cima do dilúvio
Reconstrua de alguma forma todas as belezas que um dia postaste no mundo.
A vida não acontece só lá fora.
A vida está dentro do peito junto ao coração que bate.
Saudade de algo que não aconteceu...
Pelo hoje que ainda não vivi
Estou plena e a palavra ecoa.
Hoje o meu neto veio me visitar, e toda a sala se enriqueceu de glória.
A mesa da sala rangiu sua madeira contente
As paredes se calaram ao seu encanto presente
E os livros tremularam as páginas escrevendo nova história.