Receita caseira para casais em conflito

Receita caseira para casais em conflito – Orson Peter Carrara

Após a mudança para a outra cidade, o casal entrou em conflito. Vinte e cinco anos de casados, dois filhos na fase da universidade. O período inicial de carinhos e convivência pacífica gradativamente foi trocado por discussões, acusações, gritos, incompreensões...

Na nova cidade há menos de um ano, a esposa apegou-se demasiadamente à própria família, indo trabalhar com o irmão. Aliás, o motivo da mudança foi mesmo para estar mais próxima dos pais e irmãos. Contudo, trabalhando com o irmão, afastou-se de casa demasiadamente: saía diariamente, bem de manhãzinha, só retornando após o início da noite.

O marido desgastou-se. Começou a sentir-se sem família. O vazio interior, causado pela ausência quase permanente da esposa, perturbou-o de maneira expressiva. Ele e as filhas sentiam, o que é natural, muita falta da presença da mulher e da mãe.

Ambiente pesado. Na chegada, a cada noite, na volta do trabalho, os quatro integrantes da família não se sentiam a vontade. Perderam o gosto do diálogo, o ressentimento ganhou campo e o conflito familiar instalou-se, além, é óbvio, do conflito interior de cada um.

Ele buscou ajuda. Abriu o coração com um amigo de confiança. Sentia-se desnorteado, não conseguia entender onde havia errado, não conseguia discernir quem estava certo ou errado. A perda do diálogo, o afastamento conjugal, o mal estar em família, tudo isso fazia dele um homem infeliz.

No desabafo, a tentativa de busca de solução...

O amigo sugeriu, entretanto, que ele mudasse o tom da convivência. Que ele mudasse o comportamento. Sugeriu que a surpreendesse, gradativamente, com gestos, atitudes, presentes, bilhetes colocados na gaveta, convites para passear ou almoçar fora. Sem exageros, mas surpreendendo-a gradativamente.

Sugeriu que a elogiasse nos momentos certos, também sem exageros, sob pena de efeito contrário. Que tentasse dialogar sem agressão, que fosse natural, procurando compreender o comportamento que tanto o desagradava. Afinal, disse o amigo, ela também tem lá suas dificuldades, suas lutas e conflitos interiores.

Igualmente que lhe enviasse flores, que levasse em conta os 25 anos de casamento, das experiências comuns que viveram e que fosse gentil no relacionamento.

Dentre as várias iniciativas que tomou, uma foi bem interessante, pois saiu do lugar comum. Ele a presenteou, a elogiou, a levou para passear, jantaram juntos, etc. etc. Mas, num dia, ao voltar para casa e passar defronte uma loja de CDs, lembrou-se de um estilo musical que ela muito gostava. Comprou o CD.

Quando ela chegou ele estava com o karaokê e música que ela tanto gostava. Ele estava cantando. Ela achou demais aquilo e somou vozes com ele, para também cantar...

O foco das atenções foi trocado. Externamente tudo continuou igual, mas interiormente perceberam que quando mudamos o pensamento, a vida toma outro rumo.

Somos nós mesmos que nos escravizamos nos pontos de vistas fechados e circunscritos de situações e circunstâncias que nos sufocam.

No casamento, percebamos a pérola que é aquele, ou aquela, que convive conosco. E deixemos de lado os condicionamentos, que muitas vezes nos permitimos, e que destróem a nossa paz interior.

Mudando a postura interior, a depressão desaparece, a tristeza vai embora e um universo de perspectivas e possibilidades ressurge, convidando-nos à felicidade.

Se você vive uma crise conjugal, experimente usar o elogio, o carinho, a atenção. Em breve tempo você reconquista o amor que construiu. Todos, mas todos mesmo, precisamos de estímulo, de atenção, de carinho...

Quem valoriza o ciúme, quem guarda mágoas, destrói-se a si mesmo. É melhor compreender que somos criaturas individuais, com experiências, vontades, tendências e preocupações diferentes...

Orson
Enviado por Orson em 05/02/2007
Código do texto: T370535