A quem me chama de mãe
e por permitir-se filhos, tornaram possível meu sonho de mãe, meus amados filhos.
Filhos,
Hoje é dia das mães e eu quero falar de filhos e mães. Talvez não especificamente, apenas de nós, quero falar no geral, sobre essa maravilhosa relação: filho-mãe.
Afora as Ciências e religiões, que imprescindivelmente, teriam respostas, pergunto: o que é ser filho? E a resposta que me vem de pronto: ser filho é querer ser, é deixar-se gerar... é permitir que outros seres façam a gente ser gente. É ter a humildade embrionária da necessidade do outro para ser... É ser, porque alguém já o foi também. Ser filho é entregar-se. É possível imaginar microscópicas células aleatoriamente, reproduzindo-se num ambiente, no caso humano, no ventre materno... assim, entregues à vida, deixando-se multiplicar...
Pergunto-me: Estariam assim, totalmente desprovidas de prévias intensões, ou haveriam propósitos a priori, além do desejar das mães, também os filhos carregariam nesse instante o desejo de ser? Não sei... simplesmente, magnifíco mistério envolve a criação. E o embrião se faz feto, e o feto se faz gente e quer nascer... e a gente se torna mãe, muito além de mera cumplicidade biológica, consiste a magia do acontecer desse fênomeno, na mesma mulher, nasce o filho e nasce a mãe...
Lágrimas de dor e alegria hidratam a vida na hora do parto... palavras tornam-se inócuas diante da intensidade de emoções. Somente o sentir desse dorido gozo possibilitaria compreendê-lo. E, nesse sentido, tampouco a Ciência, até então, conseguiu desmistificar as reações psicoafetivas da mulher ao tornar-se mãe. A avalanche de emoções que envolve a mulher-mãe nesse instante, transcende todas as reações humanas, possivelmente, comparável apenas, a indescritível gozo suprarreal.
E nós mães, sentimos isso, graças a vocês queridos filhos!
Vocês talvez, quiçá tenham consciência disso, penso então, uma oportuna data para dizer-lhes: Obrigada por terem deixado-se gerar...
Obrigada pelo prazer da maternidade, compensa toda e qualquer forma de preocupação, desconforto ou dor...
Somente, nós mulheres-mães, sabemos o que significa esse vínculo de amor incondicional...
Somente nós, sabemos o valor do encontro de um simples olhar entre mãe e filho...
Somente nós, sabemos a real gratuidade de dar-se sem esperar receber...
Sim, nós sabemos, queridos filhos... sabemos porque somente nós, sentimos que amamentar é mais que o simples gesto de saciar a fome... é comunhão entre dois seres, cujo elo de ligação, o leite materno, é a vida a jorrar do seio para pequenino ser e, se Freud explicou a fase oral para o filho, quem ousaria explicar o deleite da amamentação para a mãe?
Amados filhos, vocês crescem... fazem-se homens, e nós continuamos a sentir esse deleite, toda vez que os percebemos enfrentando a vida com coragem, determinação e alegria.
Obrigada a todos os filhos, pela possibilidade de tornar uma mulher-mãe e, lembremo-nos: a marca desse coto permanece para sempre, assim também, a reciprocidade de sentimentos entre mãe e filhos. Sejai portanto, o amor, sentimento capaz de compreender os mistérios que envolvem esse coto e, amemo-nos, pois!