Tentativas em Vão
Tenho tentado de uma forma ou de outra dar um novo sentido à minha vida. Observar e extrair do mundo o que ainda há de belo e nobre. Esquecer o que marcou e se tornou importante, dificilmente conseguimos. Mas nada como enxergar em pequenos atos, atitudes que podem sim fazer a diferença. Nos entregar à uma nova paixão é uma tarefa das mais difíceis quando se viveu um grande amor. Substituí-lo se torna quase impossível. As lembranças chegam de um modo que altera qualquer vontade que ainda temos. O receio de que seja tudo igual cria uma barreira, aquele bloqueio que impede que arrisquemos, sem saber que uma nova escolha poderia ser o mais sensato e nos trazer a felicidade que tanto almejamos. Saber de tudo isso se torna ainda pior quando concluímos que durante vários anos de nossas vidas, criamos uma armadura que achávamos que nos protegia do mundo. Mas que no fundo, a certeza que deixa é a de que jamais nos protegeu de nós mesmos. E é aí que tudo se torna mais doloroso. Como se proteger desse mundo que nos cerca, dos fantasmas que nos assombram, quando passamos a ter a certeza que esse mal que tanto tememos não está nos outros, mas em nós mesmos?