Amigos velhos, amigos novos...

Um dos desafios que nós, seres humanos temos de superar, é o de lidar positivamente com a proximidade e intimidade que temos mais costumeiramente com aqueles que nos acompanham mais de perto à caminhada evolutiva.

Muitas vezes essa proximidade, essa relação mais estreita, nos faz abusar daquela pessoa, é como se estivéssemos com o desconfiômetro desligado.

E por essa relação ser mais estreita, ou mesmo íntima, nos descuidamos de regá-la com o respeito.

Achamos que nossos afetos devem obrigatoriamente nos amar, e com isso, caímos nas malhas da estupidez ou mesmo desconsideração.

No ambiente familiar, com nossos pais e irmãos, avós e primos, faltamos não raro com o devido e merecido respeito, empunhando a espada do grito e o punhal de uma pretensa e equivocada verdade, que traz mais confusão do que paz.

Da mesma forma que somos simpáticos e acessíveis, sedutores e benevolentes com quem acabamos de formar laços de amizade, se faz imperioso que sejamos assim também com quem nos acompanha mais estreitamente os passos.

Precisamos conquistar nossos velhos amores, nossos velhos amigos, cultivando essa já experiente amizade com a semente do respeito.

A gentileza e atenção devem estar inseridas no cotidiano!

Porquanto, muito simples ser um gentleman quando se relaciona esporadicamente.

Muito fácil sorrir e compreender quem não conhecemos as fraquezas e limitações.

- Ah, que venha falar comigo, ele não tem moral para isso!

Exclamamos, armados contra o amigo ou familiar que vem em boa intenção nos alertar de nosso comportamento equivocado.

E as conseqüências de nossa pouca paciência com nossos velhos afetos repercute de maneira negativa socialmente.

Alimenta uma superficialidade nos relacionamentos, por isso muitas relações são efêmeras, passageiras. Os amigos velhos não são acrescidos de outros mais novos, mas sim substituídos, o cônjuge é trocado por outro mais “interessante”.

Só não dá para trocar de pais e filhos, então, se é obrigado a suportá-los, mas suportar não quer dizer respeitar, amar, colaborar, apenas se suporta porque não há outra saída.

Os primeiros contatos são sempre encantadores, mágicos, poéticos... parece que a amizade, o respeito, a cumplicidade irão perdurar para todo o sempre, as palavras se completam, os papos são duradouros, julgamos que seremos felizes para sempre.

- Ah, meu amigo, minha amiga, como foi bom te conhecer!

- Sim, esse novo governo fala a língua do povo, tenho certeza que nos trará a tão sonhada melhoria em nossa qualidade de vida!

No começo, tudo funciona em perfeita sincronia.

Todavia, nesse mundo ninguém é santo, e logo surgem as primeiras rusgas, com elas vem de carona o desrespeito; a admiração perde espaço, o sarcasmo e a ironia ganham corpo.

Aliados tornam-se opositores.

Maridos e esposas elegem o lar como palanque de impropérios.

Familiares mal conseguem se olhar.

Amigos deixam de se falar ao telefone, de jogar futebol juntos, de ter aquele antes agradável bate papo.

Caro leitor, é preciso além de fazer novos amigos, cultivar a amizade dos velhos camaradas, é preciso respeitar aqueles que guardamos estreita relação, como pais, irmãos, colegas de profissão.

A mesma solicitude que mostramos com os novos amigos, com o novo filho que chega ao lar, com o novo governo que administra o país, precisamos demonstrar também quando o tempo transforma os outrora novos, em velhos, portanto, já bem conhecidos.

É preciso dar sempre uma segunda chance, acreditar, e sobretudo amar, respeitando e compreendendo quem a vida coloca a nosso lado.

Pensemos nisso!

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 20/01/2007
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