MINHA QUERIDA MÃE - 70 anos

Quero agradecer-lhe mãe por ter concedido a Deus o privilégio de conceber-me a vida, por ter me envolvido em seu útero, amparado em seus braços, dividir o pouco alimento e muitas das vezes sofrer por não ter o que comer, por abrir mão de quaisquer vaidade a fim de proteger-me!

Sabe, mãe, hoje olho nos teus olhos e percebo o vazio que carrega em seu coração! A vida é mesmo dura, quantas crias, e hoje aos seus setenta anos, pouquíssimos aparecem para retribuir todo o carinho, toda a proteção, a doação, a gratidão, ou ao menos saber se a senhora tem o que comer, ou o seu estado cada vez mais debilitado ainda a permite preparar o alimento, se as suas vestes estão limpas e em bom estado!

Percebo que, algumas pessoas preferem buscar pretextos, falta de tempo, no momento não pode ajudar, ou simplesmente fazem de conta que nada está acontecendo! Se prendem em seus castelos, com seus príncipes, princesas e sua rainha ou rei para confraternizarem suas conquistas, o que aliás, sempre terá mais valor que o simples fato de lembrar de ti.

Mãe, o seu olhar cabisbaixo, inunda a minha face. O seu jeito manco de andar e corpo bambo, atrai as minhas mãos na vontade de pegar-lhe em meus braços, e assim retribuir todo o carinho que manifestou ao longo dos anos para comigo!

Sei que a vida castigou-lhe muito e mesmo sorrindo, ainda dentro de ti vejo transparecer o choro, o vazio, a saudade de cada cria que a dias não aparece. Vejo a vontade de se trancar a ponto de sumir!

Mas, minha mãe, diante de tudo isso, saiba a senhora, mesmo que a memória comece a falhar, mesmo que a vida perder a importância e o vazio queira castigar-lhe, não se prenda à solidão, pois Deus quando a premiou com minha vinda, ele sabia realmente o que estava fazendo, por isso, estarei sempre pronto a ampará-la.

Assim seja!

Obrigado pela dedicação, e principalmente, por abrir mão de tanta coisa, a pensar em nós!