Era uma vez ...

Era uma vez a falta que faz

o inconsciente das minhas dores,

a insensatez da minha racionalidade,

a inconstância dos meus desejos,

a intrepidez das minhas decisões,

a coerência dos meus sentidos,

a sacralidade do meu amor-próprio...

Era uma vez o que não foi,

mas o é em si.

Era uma vez a projeção do meu olhar

que não consegue alcançar a conexão da verdade...

Era uma vez a saudade de mim,

pois já não mais reconheço-me

e completo-me...

Era uma vez saber quem sou,

pois apenas sinto e neste "sentir" priorizo minhas vontades...

Eu apenas continuo,

eu jamais digo "fim"...

Eu simplesmente digo "era uma vez..."

pois sei que não me bastaria dizer que finalizei,

enquanto eu não crer na imaterialidade do que seja esquecer.

Eu continuo a dizer "era uma vez..."

pois neste livro quem manda é a minha nostálgica inquietude,

que se confunde em meio a lágrimas,

recordações,

com as impetuosidades da liberdade de desejos.

Vírgulas,

reticências,

continuações,

projeções,

futuro,

amanhã...

nada disso posso saber...

as respostas estão por vir,

ou então nunca chegarão,

ou se chegarem eu possa talvez não me permitir enxergá-las,

pois,faço-me de cego para poupar-me das noites frias que a invisibilidade do teu olhar me conduz.

Ingrid Campêlo
Enviado por Ingrid Campêlo em 24/01/2012
Código do texto: T3459010
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