RECEITA DE FELICIDADE - Para minha mãe
Eis aí um bolo que jamais aprendi a fazer direito, talvez por excesso de farinha, ou por não bater a massa pelo tempo necessário, o que põe a perder qualquer pão-de-ló, mesmo bolo comum; quem sabe por nunca tê-lo colocado no forno na temperatura ideal... Quando me parecia bom, não o desenformava adequadamente, logo, sobravam pedaços dele no fundo da fôrma.
Forçoso admitir: nunca fui boa cozinheira, mas, acabei por aprender que mão pesada jamais consegue produzir, com a devida qualidade, nenhuma espécie de bolo. Urge, para isso, ter-se toque suave, firme quando se faz necessário, em particular no caso da Felicidade que, certamente, não é produto industrializado. Talvez nunca a tenha vivido, a ela, Felicidade, também por, paradoxalmente, ter ignorado certo Princípio sábio que diz: "Achar é estar distraído."
É isso, mãe: tenho tudo para reaprender, tudo para tentar reaprender do jeito certo. Creio ser ainda a tempo, que estamos vivas, mãe. Vivas. Nós duas, eu e você.
Republicação no início da madrugada de 28 de dezembro de 2011.