Uma História Qualquer
UMA HISTÓRIA QUALQUER...
Nem mesmo todos os poemas que nascem da alma sensível dos poetas conseguem traduzir a felicidade a que estamos inexoravelmente destinados...
Nem mesmo a mão habilidosa do melhor pintor conseguirá traduzir uma flor, quando a luz atravessa a retina e realça-lhe a intocada beleza...
Onde está a verdadeira beleza senão nos olhos de quem a vê?
O que dizer então do amor que nem nós mesmos nos sabemos capazes, e que ainda não identificamos os matizes, e do qual somente sabemos captar um ligeiro perfume?
Quais são as belas cores que eu identifiquei e quantas ainda não vi?
Quais são as cores que você esconde?
Só sei que ainda éramos uma energia na erraticidade e parecíamos felizes...
Num dado instante eu me perdi de você, mas você continuava em mim, lá dentro, num recanto íntimo...
Andamos por várias paragens entre amores e desamores, sabores e dissabores a sentir uma saudade de não sei onde e não sei o quê...
É que nossa energia se imantou uma à outra só para sabermos que nem tudo se perdeu, que um dia no passado o nosso tempo era um só: meu e seu...
Naquele tempo eu era uma menina, mas tinha tudo de mulher, com o sabor que todo homem quer. Mas ... eu era mais que isso e tinha na minha ingênua doçura um sentido preciso.
Eu não conhecia o amor em plenitude e amava um amor deseducado, intenso e sem pudores (como ainda hoje é), porém eu era quase somente o desejo de posse e no corpo de mulher-menina eu o subjugava e buscava lhe prender a mim infinitamente...
Quando o tempo passou e sua alma ansiava ser livre, volátil, se foi a experimentar novos amores, de novos matizes, na crença de que não se pode ser de uma só mulher...
Eu sorvi essa dor e me perdi tentando esquecer...
O tempo passou e cada um de nós teve que reconstruir a estrada que fez ruir, provando dissabores , do castelo de sonhos às palafitas sombrias, carregando a dor e a alegria do tamanho de nossas forças ...
Eu vim primeiro para preparar o meu caminho e acertar na dose do olhar e na lágrima que pode rolar no ombro seu...
Mas meu caminho não é só como pode parecer...
Eu o vejo hoje feliz como se pode ser... E antevejo o seu olhar que não dá pra descrever:
Quando a estrada estiver pronta e da obra não restar entulhos ou resquícios ...
Quando não mais for preciso parecer que não somos tão mutuamente queridos...
Quando nenhum gesto de carinho for necessário conter...