A MAIS TERRIFICANTE DAS CONSTATAÇÕES

Não há palavra que diga do terrífico desta constatação: mesmo que eu oferecesse aos Céus a minha vida no lugar da tua e tal sacrifício fosse aceito pelos Céus, a tua vida verdadeira não regressaria, não regressaria a vida verdadeira que um dia arranquei de ti, em razão de um mau destino, destino de face indescritível, de face da qual eu me teria desviado e desviado nossas todas vidas, se a houvera visto e compreendido a tempo e visto a foice oculta que trazia, tal destino, em suas próprias mãos.

É verdade que, se tal desvio houvera sido feito, teria sido decretado, na ocasião,o nosso fim, a nossa mútua extinção; de todo modo, para outro ser ficaria o dolo daquele nosso fim que não houve, ali. Eu teria morrido inocente, desta minha e desta tua morte. Teríamos partido juntos para um céu de estrelas vivas enquanto, por causa do desvio que não foi feito, restou-me e a ti esta extinção de todos os dias, esta extinção em câmera lenta e esta culpa, minha culpa, a se multiplicar, indefinidamente, dantesca doença sem cura.

Na tarde de 17 de julho de 2011.