O GRANDE APELO

A ti, com a linguagem marcada a ferro e fogo, desde a origem, pelos signos da morte;

A ti cuja linguagem eu vi, por breve tempo, transmutada em signos de fé, de luz, de esperança;

A ti cuja linguagem eu vejo, em cada uma das faces, novamente e há tempo demasiado, marcadas, todas as tuas linguagens, pelos negrores da Noite e por Cólera que, mesmo justa vive a exorbitar, às vezes a um ponto indescritível, seus próprios limites;

A ti, cujos passos acompanho em peregrinação eterna, para além dos meus próprios limites;

A ti, homem da minha alma; a ti, homem que há muito não me crê, apelo: Não permitas que eu tenha vindo em vão; não permitas tal.

Ressuscita, como já o fizeste e diante dos meus olhos, uma vez.

Ressuscita, mais uma vez, em ti, à tua volta.

Ressuscita. Realiza em ti, novamente, o milagre da vida, para que eu possa continuar a viver. Para que eu possa continuar a viver.

Na manhã de 30 de maio de 2011.