Amor a primeira vista(reencontro)

“Acho que foi em um dia como hoje que lhe conheci. Fim de tarde, pôr do sol no horizonte. Eu estava em uma ilha e já estava lá quando você chegou, num barco branco com linhas azuis, como teus olhos. Vi quando ancorou em nosso pier. Franzi a testa, fixei os olhos em você e deixei o queixo cair. Que caia o queixo, que caia a noite, que caia o mundo, meus olhos não saíram de você.

De algum lugar eu já o conhecia. De um passado distante há anos, séculos, milênios quem sabe. Antes de Cristo, depois de Cristo, antes de Buda, sei lá. O que importa o tempo? Só sei que era você. E fiquei lhe esperando todo esse tempo. Que bom que te reencontrei. Ora, mas que bobagem, nem sei quem tu és, nem seu nome sei, mas é você mesmo, tenho certeza. Agora que vens andando em minha direção, chegando mais perto, ofegante, posso ouvir sua respiração, sentir o cheiro, ouvir o tum tum do coração, há meu Deus! Sorri, me olha nos olhos, pega minha mão. Ajudou-me a descer da escada onde há poucos minutos atrás subi para ver o pôr do Sol e vi você, por isso desfaleci!

Perguntou alguma coisa, o que foi mesmo? Não ouvi, estava ocupada olhando você, distraída com teus olhos. Há tempos não os via, anos talvez, séculos, milênios.., Que saudades. Ainda continua o mesmo: pele macia, olhos azuis, sorriso branco, dentes certinhos... Há que sorriso! Cheiro... Esse cheiro... Eu já senti antes, é o cheiro do pecado que fizemos quando estivemos juntos. Seu beijo ainda é doce? O abraço ainda é quente? As mãos ainda são fortes? Sim, não tenho mais dúvidas é mesmo você. Por onde andou? O que fez todo esse tempo que ficou longe de mim? Conte-me teus sonhos, confesse seus medos, fale dos amores. O que fez todos estes anos além de me procurar?

Eu, todos estes anos procurei por você. E também tive sonhos, medos, amores e até fui feliz. Mas quando ficava só, sentia saudades, e pensava em você! Muitas vezes chorei, outras sorri, mas quando estava só, só pensava em você. Muitas vezes amei, até me entreguei pensando que era você. Quantas vezes briguei, discuti,querendo te ver, muitas vezes. Sei que errei, acertei, discordei, me escondi, não assumi me ferrei, tudo por você.

E agora que lhe reencontrei, nem seu nome sei e olhe só para mim? Será que quer me conhecer? Talvez me reconheça como lhe reconheci. Talvez pense que sou muda, pois ainda não respondi nenhuma de suas perguntas. Hei moço, desculpe o meu jeito, vou responder quem sou, e o que estava fazendo em cima dessa escada sozinha, num fim de tarde, aliás, já é noite. O Sol já se foi e eu estou nos teus braços. Pois é, eu desmaiei porque estava com saudades de encostar-me ao teu corpo, cair nos teus braços.Veja bem moço, tudo isso tem uma explicação. Somos almas gêmeas, coisas de muitos anos, séculos, milênios...É algo que já tinha ouvido falar, mas só agora estou sentindo. Acredite, só agora entendo. Minha vida não tinha sentido, mas agora terá porque reencontrei você.

Joana Aranha