SOU, ÀS VEZES, TEMERÁRIA, PARA DEFENDER-TE DE TI MESMO

Sou, às vezes, temerária: enfrento o mundo de peito aberto, para defender-te, principalmente para defender-te de ti mesmo, deste inimigo que carregas dentro e que te enfraquece e que te boicota os esforços todos em direção ao reencontro com a esperança e com a vida.

Este teu "eu" obscuro deve, certamente, gostar muito pouco de mim, se é que não me odeia. Sinto a carga de sua oposição no meu peito, chego a sentir-lhe a carga. Ainda assim, e pagando preço às vezes inominável, prossigo nesta minha luta a parecer insana, inglória, sem sentido e, aparentemente, sem qualquer possibilidade de Terra Nova à vista: a luta em defesa do teu "eu" luminoso e de seus planos para ti.

Não há como deixar de reconhecer a natureza "dantesca" que reveste este mundo. Sei que é preciso criar em nós a força de um Titã para sobreviver ao Horror cotidiano, a força de um Titã para conseguirmos manter a Fé, a Esperança, a Certeza do Sentido.

Então, criemos para nós esta meta, a de irmos em busca da tal força titânica que nos possa por a salvo, em nós mesmos, das nossas próprias forças destrutivas e das forças destrutivas do mundo; em busca da força titânica a que muitos chamam "Deus". Afinal, deixar-se matar, deixar-se morrer, a quê e quem isto pode servir?

Na manhã de 26 de fevereiro de 2011.