O VÍRUS DA POESIA
Pudera eu ser uma pessoa prática e estaria imune a certas doenças mortais causadas pelo vírus da Poesia.
Pudera eu ser uma pessoa prática e tu me odiarias com razão, com a tua razão de Poeta. Para meu mal, para minha danação, jamais fui, sou nem serei uma prática pessoa e tu sabes disso bem, muito bem, muitíssimo melhor do que qualquer outra pessoa da minha e das nossas relações.
O que ocorre é que eu te sou o espelho terrível em que vês com nitidez a tua luz e a tua sombra; o que ocorre é que tu me és o terrível espelho em que vejo com nitidez a minha sombra e a minha luz.
A diferença entre nós é que eu jamais pude nem posso nem poderei odiar-te. Meu amor por ti é maior do que o Desespero, maior do que a Perda de ti, maior do que a perda da minha própria imagem no espelho.
Ao contrário de ti jamais poderei odiar-te, porque meu amor por ti sempre foi verdadeiro; sei que é e sempre foi verdadeiro porque ele, o meu amor por ti, nunca te soube dizer apenas SIM.
Na tarde de 21 de janeiro de 2011.