O MAR QUE AMOR ME LEVA
Não distingo as cores do paraíso
Passarinhos não me sorriem
Apenas voam, intrépidos, sadios
E fogem, arredios, de mim...
E como gosto que meu mundo
Seja assim...
Não entrevejo o amor
Rifar o portão
Rumo certeiro
Sala adentro
Não... Nunca o vejo chegar...
A paixão não me sufoca
Não me desbarata...
Acho bravata
Mas ela me emagrece...
Desidrata...
Hoje sou
Ruminante
Levemente exsudativo...
Atento estou
Aos desenganos,
(Minha nova modalidade
De auto-engano)
E sinto-me como uma onda vaga
Ao meio do oceano
Do estômago
E a onda não tem quatro letras
E ela tem outros planos
De navegação
Para mim...
[Este mar que me leva
Que me deixa à deriva
Que me emborca
E me traga por sua conta
É meu. Muito meu.]