GOSTO MUITO DE TUDO ISSO

Vejo-me diante do mesmo espelho.

A família em superação contínua e entre retornos crescentes,

voltados para uma concepção de vida mais humana e o sangue revelando que, mesmo estando distante das fronteiras visuais, leva a carga genética de pai para filho sem a impressão do toque.

Aqui me refiro as minhas qualidades e percepções.

Pois, me vejo sendo guiada para um império literário, para honestidade de caráter e também, para acúmulos de coisas que para muitos teriam significados de lixo, mas que para mim revoluciona num tema reciclativo.

E na porta de uma síntese viva, fiquei sabendo que todos esses detalhes faziam parte da vida de meu pai. Eu não o conheci e somente fiquei sabendo de suas origens há três anos. Porém, a silhueta de sua atmosfera sempre me acompanhou. A começar pelos livros... que me traduziam canções melodiosas. Fazendo-me viajar numa inteligência profundamente analítica. E aprendi a pensar e a me mover sobre idéias. Também descobrir que amar tem significado de contemplação. Que as coisas podem ter diversos sentidos e que, somos nós que optamos em qual deles iremos introduzir no drama... ou no papel principal de nossos discernimentos.

Vejam como é interessante observar o que caminha dentro. Tudo circula num curso já existente. É como se fôssemos repetindo considerações entre os laços...

“Conhece-te a ti mesmo” (Sócrates). Esse parecer é como um pêndulo trazendo e levando informações numa frequência caprichosa.

Quanto mais penso na vida, mais claramente vejo a verdade sobre a palavra linhagem.

Carregamos bagagens que não fazem parte de nossos estoques, mas de alguém que firmou e aperfeiçoou a linha de prosseguimento para que pudéssemos estar aqui. Estamos seguindo algo... embora, considerando do ponto de vista mais amplo, desencadeamos ao longo da existência, movimentos hereditários que comunicam ao espírito um profundo senso de mistério. Acompanhamos características, mesmo sem o contexto visual dos fatos. E isso inclui: lugar diferente, cultura diferente e a diferença de tempo e espaço.

Eu cresci sem nenhuma notícia de meu pai. Sem sequer saber a forma de sua face. E foram dias difíceis. Na família de minha mãe fui discriminada várias vezes. Por ser diferente e por escolher brinquedos quebrados na intenção de consertá-los. Também quando ganhava um novo, tinha que desmontá-lo, mesmo que não conseguisse fazê-lo voltar ao seu estado natural. Admirava ficar ao ar livre e, sozinha, conversava com a natureza e, diga-se de passagem... brincava de rimar palavras, mesmo sem saber o sentido e ficava envergonhada de que outras pessoas me ouvissem.

Aos quatro anos de idade qualquer papel era um luxo. Lápis nem se fala... rabiscava tudo e na segunda série ganhei um premio pela melhor redação da escola. E foram várias classes da segunda a quarta série nessa competição.

E cresci entre fartas leituras. Hoje quando escrevo, a palavra vem dotada de infalibilidade. E se fosse fazer vontade... nem sei onde mais estaria.

Em dois mil e sete soube que o meu pai, já havia partido para outro ângulo. Mas havia deixado um legado idôneo. Irmãos e irmãs. Trocando idéias com alguns deles, soube como ele viveu no que acreditava e quais foram as suas determinações motivacionais. Ele também possuía uma natureza primorosa para a literatura. Foi um homem solto, resoluto e difícil... de se deixar dominar pelas circunstâncias. Teve vários relacionamentos com filhos entre eles e a árdua esperança de compreender seu coração e consolidar a paz entre sua prole.

Era um inventor e um reciclador nato. De tudo aprendeu um pouco e não se rendia diante de um obstáculo. Era querido no lugar que residia e respeitado. E creio eu, era também um sonhador em primazia. Um apaixonado...

Então, descobri que temos muito em comum. Que mesmo distante dos olhos, ele concluiu em mim muitos dons. O da escrita, da curiosidade de acerto... e na maneira de me relacionar com os outros.

Portanto, nunca estamos distantes demais. Há sempre um ponto em questão. E o mais difícil é encontrar solidez em si mesmo e harmonizar as ações numa realidade integrante.

Fim desta, Cristina Maria O. S. S. - Akeza.

Akeza
Enviado por Akeza em 24/10/2010
Reeditado em 30/05/2016
Código do texto: T2575101
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