Além do Arco-íris (Conto romântico Oriza Martins)
Oriza Martins
Na década de trinta, a cidade de São Paulo despontava no cenário mundial com todo seu potencial de importante metrópole.
Era uma época de grandes transformações, alteração dos costumes, efervescência literária e musical com o sucesso do rádio popularizando ritmos nacionais.
Álvaro de Souza Freire, um jovem herdeiro de tradicional família paulistana, aficionado por leitura, costumeiramente visitava as livrarias do centro da cidade.
Em uma das visitas ao bairro da Mooca, onde ficava instalada a sede das indústrias de sua família, o rapaz deparou com uma pequena - porém bem equipada - livraria de bairro.
Entrou no estabelecimento e estava a analisar os títulos expostos, quando percebeu em um dos cantos a presença de uma jovem de singular beleza, aparentemente arrumando os livros. Presumiu que se tratava de uma das vendedoras.
Adquiriu uma obra após algum tempo de consulta, mas demorou-se um pouco na livraria, magnetizado pela presença da jovem, embora o dissimulasse muito bem.
Álvaro era um rapaz aparentemente sisudo, tido como pessoa orgulhosa, mas polido, cortês e bem-humorado no trato social. Havia freqüentado a famosa Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, assumindo parte dos negócios da família, após a formatura.
Finalmente, acabou por retirar-se do estabelecimento, mas levou no pensamento a figura da jovem balconista, de nome Carol.
Impressionado pela beleza e postura educada de Carol, Álvaro tornou-se cliente assíduo da livraria, logo mantendo com ela uma respeitosa amizade, mas no fundo sentindo-se completamente apaixonado pela jovem. Muitas vezes, entretanto, não a encontrava no estabelecimento, mas não se sentia à vontade para perguntar sobre seu paradeiro.
- Deve estar fazendo serviços externos – pensava ele.
Álvaro trazia o coração inundado por aquele sentimento arrebatador, mas relutava em assumi-lo, considerando a diferença social entre ambos. Várias vezes ele tentara deixar de freqüentar a livraria, mas acabava cedendo ao desejo de vê-la. Sabia que teria de enfrentar uma forte oposição familiar, se um romance entre ambos porventura se concretizasse.
Ambos mantinham freqüentes diálogos sobre obras de prosa e verso.
- Diz este poema que felicidade é um pote de ouro que se encontra além do arco-íris, que é impossível alcançá-la - comentou Carol, certo dia.
- A felicidade está onde nós a pomos... - rebateu Álvaro, mencionando os famosos versos de Vicente de Carvalho
- E nunca a pomos onde nós estamos... - completou Carol, sorridente. - Às vezes a colocamos tão longe que é difícil alcançá-la.
- Então não é boa idéia colocarmos a felicidade além do arco-íris... - concluiu Álvaro, denotando uma ponta de tristeza nessa reflexão, comparando-a com sua situação em relação a Carol.
A jovem balconista já conhecia o rapaz por nome antes mesmo de ele entrar na livraria, pois as indústrias de sua família dominavam grande parte do bairro. Conhecendo-o pessoalmente, passou a sentir-se também atraída por ele, embora lamentasse sua postura apenas cortês, mas tinha consciência de que se tratava de integrante de um estrato social onde os casamentos freqüentemente atendiam a interesses socioeconômicos.
Assim, Carol seguia sua vida, sufocando os sentimentos, sem maiores expectativas quanto ao novo e poderoso amigo.
***
No início da primavera, Álvaro foi convidado por integrantes de uma família amiga para conhecer o novo solar que eles haviam adquirido em uma praia do litoral paulista.
Acedendo ao convite, o rapaz seguiu de carro para lá, onde se encontrou com seus amigos Mariano, a irmã deste, Rita, e um casal de primos deles: Lucinda e Francisco. Ao grupo, deveriam juntar-se no dia seguinte o outro irmão, Nestor, um jovem aficionado por música, e sua avó, Dona Ana.
O imponente solar encontrava-se em uma das praias de Ponta de Sapucaias, local de exuberante paisagem que se tornaraa freqüentado pelas altas rodas sociais desde o início do século, com a presença também de algumas pousadas e pensões, ao lado de uma bucólica aldeia de pescadores.
Coincidentemente uma dessas pousadas pertencia aos pais de Amelinha, grande amiga de Carol - que costumava visitá-la com intenso prazer, quando tinham oportunidades de trocar confidências.
O destino fatalmente levaria os jovens apaixonados a se reencontrar ali - pela primeira vez distante da livraria.
Anexo à pousada, havia um bar com espaços especiais reservados aos freqüentadores e suas famílias.
Álvaro, seus amigos Mariano e Rita e os primos destes, Lucinda e Francisco, chegaram numa manhã conversando ruidosamente e solicitaram um reservado para se servirem.
Naquele momento, a jovem Carol encontrava-se no estabelecimento e reconheceu a voz de Álvaro, procurando saber onde ele se encontrava, com a intenção de cumprimentá-lo, e percebeu que apenas um biombo os separava.
Tentando arrumar-se rapidamente, Carol permaneceu por trás do biombo, enquanto ouvia a conversa dos jovens.
- O Nestor vai chegar daqui a pouco com a vovó - disse uma voz feminina, a de Rita, irmã de Mariano e Nestor. - E ele vai se encontrar com a Tininha amanhã, com certeza. Vão se encontrar de novo para tocar e cantar.
- Tininha? Quem é a Tininha? - perguntou Lucinda, a prima, uma jovem aristocrata de modos afetados.
- É uma moça aqui da aldeia. Eles se conheceram e costumam tocar violão juntos.
- Violão?! Uma mulher tocando violão? Que vulgaridade... - comentou Lucinda, sarcástica. - E o Nestor tem algum interesse por ela?
- Ela toca piano também - disse Mariano. – Mas não acredito que o Nestor esteja especialmente interessado nela. Se estivesse, ele teria de enfrentar nossos pais. A moça, essa Tininha, não deve ser grande coisa... ao que tudo indica, ela vem de uma família desestruturada. Soubemos que a mãe dela foi um péssimo exemplo; promíscua, para se dizer o mínimo. Alcoólatra, abandonou o pai da menina por um artista circense. Depois retornou a casa, mas foi repudiada e ficou perambulando por aí. Acabou morrendo em um acidente com o cavalo, após galopar bêbada. Dizem que foi arrastada pelo cavalo por vários quilômetros da estrada. O pai, desgostoso, faleceu pouco tempo depois. A Tininha foi então adotada pelos tios, que mantêm uma chácara aqui nos arredores da vila.
- Isso é o que se chama falta de berço - disse Lucinda, gargalhando.
O primo Francisco, irmão de Lucinda, permanecia calado e balançando a cabeça, com ar de reprovação sobre o comentário da irmã. Rita também parecia não compactuar com a opinião da prima.
- Pois é... e se a promiscuidade for uma condição hereditária, pobre do infeliz que se casar ela - completou Mariano, num tom irônico. - Você não concorda, Álvaro?
- É... de fato... - disse Álvaro, esforçando-se por manifestar algum toque de humor.
Mariano continuou, irônico:
- Não diz o ditado que tal mãe, tal filha? Se ela herdou os dotes da falecida...
- Ah! Ah! E quem iria querer uma nora assim? - completou Lucinda.
Por trás do biombo, Carol sentiu-se indignada e decepcionada por presenciar tanto desprezo pela condição da jovem Tininha e por ouvir de Álvaro que concordava com uma declaração tão carregada de sarcasmo e preconceito. Ele, que sempre lhe parecera tão correto e gentil na livraria, agora mostrava-se muito diferente junto a amigos tão insensíveis.
- Quanto desrespeito à dor alheia, falta de consideração a uma tragédia familiar - pensou a jovem, decidindo-se por não mais se apresentar diante deles nem cumprimentar Álvaro.
- Mas acho que seus interesses são apenas musicais, mesmo - disse Rita. - A Tininha, ao que parece, tem contato direto com o misterioso compositor J Lorca, lá de São Paulo e consegue partituras dele em primeira mão para o Nestor.
- Ah, sei... o compositor J. Lorca. Dizem que é um verdadeiro Matusalém, vive recluso, não se apresenta em lugar nenhum - falou Lucinda.
- Mas compõe músicas excelentes. As partituras são publicadas pelo tio da Tininha, daí a facilidade em consegui-las - disse Rita.
- O tio dela é editor? - perguntou Álvaro, curioso, uma vez que conhecia praticamente todos os editores da capital.
Antes que obtivesse alguma resposta, chegou o motorista designado para levar os irmãos e a prima deles ao cais onde recepcionariam Nestor e a avó.
Álvaro, entretanto, havia planejado passar a tarde na aldeia e por ali ficou.
- Não quer mesmo vir com a gente? - insistiu Rita.
- Não - respondeu Álvaro. - Quero aproveitar a paisagem, esse mar fantástico, o maior tempo possível. À tarde, estarei com vocês de volta, lá no solar.
- Bem... nós temos que ir buscar o Nestor e a vovó, então, até logo.
***
Álvaro saiu a pé para apreciar a paisagem de Pontas de Sapucaias. Retirou os sapatos e pôs-se a caminhar pela areia da praia com a aragem atlântica a lhe refrescar o rosto. Após algum tempo, ao enveredar pela ponta da praia, onde vários rochedos salpicavam entre as ondas, percebeu uma figura feminina que lhe parecia familiar, sobre uma das enormes pedras, com ar absorto e pensativo.
- Carol! – gritou ele, surpreso.
A jovem voltou-se e olhou em sua direção.
- Carol, você por aqui? – perguntou ele, agitado, correndo ao encontro dela.
Carol desceu da rocha e o cumprimentou polidamente. Álvaro não disfarçava a alegria por encontrá-la ali, linda, cabelos desalinhados, soltos ao vento. Ela explicou-lhe que costumava visitar a pousada dos pais de Amelinha. Álvaro também revelou onde se hospedava, falou do solar e de seus amigos, efusivamente. Carol ouvia-o com uma atitude reservada, o que de certa forma o intrigava, pois estava acostumado com suas conversas animadas, na livraria. Mas ela se sentia pouco à vontade, após ter ouvido os desrespeitosos comentários dele e seus amigos acerca da tragédia familiar da referida jovem Tininha.
À medida que caminhavam juntos, Álvaro sentia crescer em seu íntimo o desejo de se declarar a Carol, não obstante a postura da jovem. Por fim, dominado pela ansiedade, colocou-se frente a ela, fitando-a profundamente.
- Eu ansiava por uma oportunidade como esta. Não suporto mais, preciso abrir meu coração.
- O que você quer dizer? – indagou Carol.
- Que eu amo você. Quero ficar com você pelo resto de minha vida.
- Você está me pedindo em casamento? – perguntou ela, com um toque de ironia.
- Sim. Estou.
- Você deve estar realmente muito apaixonado, para se declarar e me pedir em casamento, assim, de repente, pulando etapas... não está me pedindo em namoro... nem em noivado... - falou a jovem. - Não seria apenas por influência da paisagem?
- O que eu sinto por você é definitivo - respondeu ele, sério. - Estou certo disso. Estou completamente apaixonado. Penso em você dia e noite, é uma tortura. Encontrar você aqui foi um presente do destino para mim. Quero passar o resto de minha vida com você.
- E quanto às evidentes diferenças sociais entre nossas famílias? Isso não conta?
- Deveria contar, reconheço, mas... meu sentimento por você é mais forte. Estar com você aqui, em outro ambiente, fora da livraria... me fez concluir de uma vez por todas que eu a quero para ficar comigo. Vamos superar essas diferenças todas com o tempo, tenho certeza.
- Ah... sei... superar... - balbuciou a jovem, virando-se de lado e fitando o infinito azul do mar. - Será que existem superações para mentes preconceituosas? - pensou, lembrando-se da conversa dele com os amigos. De repente, voltou-se e perguntou, resoluta:
- E se eu lhe dissesse que tenho uma condição para aceitar seu pedido?
- Pode pedir o que desejar - respondeu ele.
- É que... minha família vem passando por dificuldades financeiras - disse ela, num tom lamentoso. - Você poderia dispor de uma forma, digamos, de ajudar...
Álvaro engoliu em seco, tomado por certa surpresa, sentindo-se algo confuso e um pouco decepcionado com a proposta.
- Bem... ahn...si..sim...sim, sim, claro. Tudo bem. Estou disposto a ajudar sua família, sem dúvida. Se for esse seu desejo, pode contar comigo.
Carol suspirou e sorriu.
- Não é verdade - completou a jovem. - Minha família tem poucos recursos, mas não está passando por dificuldades, não.
Ele a olhou sério:
- Você está brincando comigo?
Ela apenas sorriu. Álvaro continuou:
- Eu estou falando sério. De minha parte não se trata de brincadeira. Minha proposta é real e sincera. Quero me casar com você.
- Agradeço sua sinceridade e seu sentimento, mas... sinto muito... não posso... é impossível...
- Impossível, por que, posso saber? Estou lhe confessando meu amor...estou me abrindo com você, desnudando minha alma, meu coração... será que não sou correspondido? Não sente nada por mim?
Passaram-se alguns momentos de silêncio. Por fim, Carol o fitou profundamente, unindo as mãos, recostando-as sobre o coração, como se sentisse uma dor no peito e, parecendo tomada por um transe, paulatinamente, iniciou um monólogo arrebatador:
- Se eu não sinto?... Se você quer saber mesmo a verdade... esta é a hora da verdade... Sim. Eu sinto, sinto, sim, algo por você, muito, muito forte. Não sei se é amor, paixão, loucura... não sei definir... é algo que me incendeia, que invadiu minha vida, meus dias e noites... acordo pela madrugada, transpirando, ofegante, perco o sono, pensando em você... é um sofrimento...
À medida que ouvia essas mágicas palavras, sentindo-se em um sonho, Álvaro foi-se aproximando dela, tomando-lhe as mãos que estavam sobre o peito, sentindo os próprios olhos marejar de emoção. A surpresa que ele sentira com a primeira reação de Carol foi-se transformando em uma surpresa ainda maior, e dessa vez maravilhosa, diante daquela declaração apaixonada, inesperada. Suas mãos - que tremiam segurando as dela - foram-se aos poucos soltando-se e envolvendo-a em um abraço sincero, terno de início, mas intenso, determinado, apaixonado, por fim, com seus lábios buscando os dela num beijo ávido, que lhe interrompeu o delicioso monólogo... e suspirando, ele continuou apertando-se contra si, beijando-lhe a face, sentindo o aroma de seus cabelos, entregando-se completamente à magia daqueles momentos...
Tão arrebatado encontrava-se ele, apertando-a contra si, que não percebeu que, após o beijo, Carol tentava com força soltar-se de seu abraço:
- Não... não... eu não posso... - balbuciava ela, como se estivesse voltando à realidade após aqueles momentos de sonho.
- Não pode? - indagou ele, soltando-a um pouco. - Não pode? Se acaba de me declarar um sentimento que parece tão profundo, tão emocionante... como não pode? O que você quer dizer?
- Não posso - confirmou ela, séria. - Reconheço que meu sentimento por você é forte, é dramático até... e estou me sentindo liberta por havê-lo confessado. Não me envergonho de senti-lo. Estava como que preso em minha garganta... mas eu tenho que ser mais forte que esse sentimento - completou ela, afastando-se dele.
Carol desprendeu-se de vez de seus braços e correu pela praia, ofegante, dividida entre a emoção e a decepção... e logo desapareceu das vistas de Álvaro.
Atônito, ele a olhava, sem compreender, com a cabeça girando em turbilhão. Restou-lhe apenas conformar-se e dirigir-se ao solar, com a esperança de revê-la nos dias seguintes, pois um local pequeno como aquele certamente iria facilitar-lhes o encontro.
* * *
Desde essa noite e pela manhã seguinte, quando ruidosamente os jovens planejavam as atividades do dia, perceberam uma certa quietude em Álvaro e brincavam com as várias possíveis causas de sua suposta tristeza, alegando, inclusive, que ele devia ter conhecido alguma beleza nativa na tarde anterior e se apaixonado.
Após o café da manhã, o rapaz resolveu ir até a aldeia numa tentativa de reencontrar Carol. Procurou-a na pousada, mas não a localizou. Caminhou pelos arredores, em vão. Retornou ao solar, cansado e desanimado, quando já estava sendo servido o almoço.
À mesa, Nestor, o jovem que chegara no dia anterior, avisou a todos que reunir-se-ia à tarde, no solar, com um grupo de amigos para um sarau de música brasileira.
- Estão todos convidados – disse Nestor.
- E é claro que a Tininha vai participar com seu violão, não é? - perguntou Mariano, com um ar malicioso, piscando os olhos para os amigos.
Houve alguns sorrisos, mas desta feita Álvaro não participou da brincadeira, mantendo-se sério. Já se sentia incomodado ao se lembrar da maneira pouco cortês com que os amigos falaram da jovem Tininha e de sua desgraça familiar no dia anterior, arrependido por haver aderido ao tom da conversa.
- É engraçado... prosseguiu Mariano, sarcástico. – essa Tininha costuma trazer as partituras do misterioso compositor J.Lorca, mas ele nunca aparece... por que será? Não seria algum secreto caso dela?
Nestor rebateu, indignado:
- Como você pode inferir um coisa destas? Você nem a conhece direito para insinuar algo desse tipo!
- Bem... é que essas moças que costumam se dedicar à música, a tocar com homens, são, geralmente, um tanto liberadas... até mesmo libertinas... e veja, essa Tininha tem a quem puxar.
Nestor fulminou o irmão com o olhar e retirou-se da mesa.
Mariano continuou com o sorriso sarcástico, causando um mal-estar geral no ambiente.
Álvaro, absorto com a lembrança de Carol, pouca atenção deu à cena.Terminado o almoço, recolheu-se a seu quarto e deitou-se, remoendo as cenas da praia, o beijo, a vã procura por ela... por fim, entregou-se ao cansaço e adormeceu.
Algumas horas depois, despertou, ouvindo um som melodioso que ecoava do salão de festas no andar inferior do solar. A música era extremamente agradável, trazendo-lhe um pouco mais de ânimo. O sarau tivera início e percebia-se que vários instrumentos estavam sendo tocados.
- Nestor deve ter formado um belo conjunto musical – pensou ele, enquanto se banhava.
Quando Álvaro desceu a escadaria que levava ao salão, o conjunto já executava outra música, ao solo de piano. Álvaro reconheceu as notas de “Lua Branca”, de Chiquinha Gonzaga, e parou por alguns momentos na escada, fechando os olhos para apreciar a beleza envolvente da melodia cujo som aumentava à medida que ele se aproximava.
O salão do solar encontrava-se praticamente repleto de pessoas, a maioria das quais Álvaro desconhecia, e todas apreciavam com interesse a performance do conjunto, que incluía bandolim, cavaquinho, violões e instrumentos de percussão. O rapaz percebeu que o solo de piano era executado por uma jovem que se encontrava de costas para ele, e imediatamente veio-lhe à mente:
- Deve ser ela a Tininha de que tanto falam...
Repentinamente, nem bem terminava de processar tal pensamento, Álvaro estancou, perplexo, ao reconhecer a jovem ao piano, vendo que era nada mais nada menos que sua amada Carol. Confuso, sentindo o sangue acelerar nas veias, ele permaneceu fitando-a, incrédulo, pressupondo a poderosa verdade: Carol... Tininha... seriam a mesma pessoa?
Álvaro, inebriado e confuso, já nem prestava mais atenção à melodia, parecia-lhe ouvir a música ao longe. Procurando refazer-se do susto, foi-se aproximando sem tirar os olhos da jovem, surpreso por vê-la ali, ao piano, numa execução tão harmoniosa.
Carol percebeu sua presença e olhou para ele, com frieza, continuando a música, placidamente, como se já o aguardasse.
A reação de Álvaro não passara despercebida aos amigos - que o fitavam, curiosos.
Aos acordes finais, Carol e Álvaro permaneceram ali, frente a frente, sem dizer nada, enquanto os amigos se aproximavam e Nestor fez as devidas apresentações.
– Tininha, este é o Álvaro. Álvaro, esta é a Tininha... mas, ao que parece, vocês já se conhecem, estou certo? – perguntou Nestor.
– Sim – respondeu Álvaro, olhando-a com ternura. – Só que eu a conheço por Carol...
– Tininha é meu apelido – esclareceu Carol, com voz macia e firme. – Usado entre amigos e íntimos.
– Posso saber de onde se conhecem? – perguntou Lucinda com um tom de voz que denotava curiosidade em saber que espécie de ambiente freqüentavam em comum.
– Ele é cliente da livraria de meu tio – apressou-se em dizer Carol.
– Ah... bom... está explicado – sussurrou Lucinda, elevando as sobrancelhas, com sarcasmo.
Carol e Álvaro entreolharam-se com desconforto diante da velada insinuação de Lucinda.
A essa altura, as pessoas movimentavam-se pelo salão, servindo-se das iguarias oferecidas pelos anfitriões, enquanto assediavam os membros do conjunto, o que causou necessariamente um distanciamento entre ambos. Álvaro permanecia em silêncio, envolvido em pensamentos vários. De repente, veio-lhe à mente tudo que fora comentado sobre Tininha, a sua amada Carol: a tragédia familiar, os mexericos... e agora, com a revelação desse dom musical, ele compreendeu que ela lhe era praticamente uma estranha, embora a amasse profundamente.
O restante do tempo prosseguiu-se entre execuções várias de músicas e conversas gerais, com o sarau se estendendo pela noite. Carol não se desprendia em nenhum momento dos amigos músicos ou da amiga Amelinha, o que impossibilitava a Álvaro dirigir-lhe a palavra em particular, aumentando a ansiedade do rapaz. Ele percebia uma intencional frieza por parte dela e perguntava-se o porquê de tal distanciamento.
Álvaro permaneceu quase o tempo todo em silêncio, apenas conversando uma ou outra vez com o Sr. Wilton, tio de Carol, proprietário da livraria onde haviam se conhecido. O Sr. Wilton possuía uma chácara na localidade, à beira-mar, onde passava várias temporadas durante o ano com a família. Álvaro compreendeu, então, por que não localizara a jovem pela manhã na pousada.
Durante o sarau, ele conheceu Amelinha e ficou tentado saber mais informações sobre a vida de Carol-Tininha, mas a amiga, provavelmente de sobreaviso, esquivou-se de entabular uma conversa mais esclarecedora.
Terminado o sarau, Álvaro se ofereceu para levar Carol à chácara, mas ela preferiu ir com o próprio tio. No dia seguinte, entretanto, decidido a ter uma conversa esclarecedora com ela, Álvaro foi procurá-la.
A chácara um local extremamente aprazível, de frente para o mar, ladeada pela Mata Atlântica. Carol recebeu-o na varanda.
Interpelada sobre o motivo de seu comportamento em relação a ele, Carol revelou que ouvira a conversa dele com os amigos, na pousada, e que aquelas palavras proferidas por Mariano martelavam-lhe a mente: "se a promiscuidade for uma condição hereditária, pobre de quem se casar com a herdeira da falecida."
- Eu ouvi perfeitamente o comentário de Mariano – disse Carol. - E você concordou com essa infâmia! Só que não sabia que se referia a minha pessoa... mas eu sabia. E isso era suficiente.
Álvaro, mortificado, apressou-se em pedir desculpas:
- Perdoe-me, por favor, me perdoe. Foi um momento infeliz... eu falei sem pensar. Quero me redimir dessa infelicidade. Eu nem sei por que agi daquele modo, foi quase inconsciente...
- Inconsciente?... Foi inconseqüente! – exclamou ela.
- Concordo. Fui inconseqüente... e estou aqui, humildemente, pedindo-lhe desculpas. Você, na praia, revelou que me ama... confessou de uma forma tão intensa... – disse ele, em tom de súplica. – Não estava sendo sincera? Se me ama de verdade, não pode me perdoar?
- Vou sublimar este meu sentimento – respondeu Carol, séria. - E se não conseguir, conviverei com ele passivamente; cultivarei meu próprio sentimento. Sempre tive em mente que só realizaria o meu amor com quem o merecesse...
- E eu não o mereço, suponho, pelo que você insinua.
Ela não respondeu. Permaneceu calada, dando-lhe as costas.
Álvaro ressentiu-se:
- Tudo bem. Fique então em sua redoma de vidro... senhorita! E queira me desculpar pelo tempo que lhe tomei.
Dito isto, desceu as escadas da varanda e retirou-se contrariado, pisando firme.
Carol voltou-se e ficou vendo-o afastar-se, imersa em sentimentos contraditórios...
* * *
De volta ao solar, mais calmo, Álvaro - que já se sentia incomodado por haver saído tão intempestivamente da chácara -, encontrou os amigos conversando no pátio, sob as árvores, e logo percebeu que havia uma certa animosidade entre Nestor e Mariano.
Rita acercou-se de Álvaro, esclarecendo:
- Eles estão discutindo por causa da Tininha. O Mariano começou a fazer mais insinuações sobre ela e o Nestor não gostou.
- Insinuações? – que tipo de insinuações? – perguntou ele, intrigado.
- Ah... aquelas de sempre... que mulher ligada à música é muito liberada... que deve até ser muito fácil... que tal mãe tal filha...
Álvaro sentiu o sangue ferver nas veias. Chegou-se próximo aos irmãos que discutiam. Mariano, ao vê-lo, saudou-o com sarcasmo:
- Ah, alô, Álvaro! Ainda bem que você chegou. Venha dizer se não tenho razão. Essa Tininha, amiga do Nestor, que gosta tanto de se exibir, de tocar instrumentos em meio aos homens... não dá pra desconfiar da amizade dela com o tal compositor J.Lorca? Somente ela tem acesso às partituras dele... quem sabe até se não são amantes?...
Álvaro sentiu o sangue ferver nas veias e, em resposta, partiu para cima de Mariano e deu-lhe um soco no rosto. Tomado de surpresa, Mariano falseou e acabou por cair, mas levantou-se em seguida, revidando a agressão. Por alguns momentos ambos continuaram agredindo-se, socando-se, até que os demais presentes interferiram, pondo um fim ao conflito.
Álvaro, com um fio de sangue escorrendo-lhe da boca, respirando sôfrego, subiu ao quarto, de onde voltou, minutos depois, trazendo seus pertences. Mariano, também ferido, já se havia retirado. Rapidamente, Álvaro despediu-se dos presentes, enviando um pedido de desculpas a Dona Ana, e rumou para São Paulo.
Os dias seguintes para foram para ele de angústia e ansiedade. A despedida de Carol... a cena com Mariano... o receio de tê-la perdido para sempre... a lembrança do beijo na praia...
Milhares de vezes, Álvaro reviveu aquele beijo, aquele abraço, o calor de seus lábios, o perfume de seus cabelos. Ele, que anteriormente já se torturava tanto com a mera lembrança daquela figura amada, agora vivia uma paradoxal situação de prazer e dor. Antes, Álvaro apenas imaginava como seria tê-la nos braços. Agora, entretanto, após provar aqueles arrebatadores momentos e, sabedor de sua recusa, tinha consciência de que seria muito mais difícil enfrentar as horas insones das madrugadas, o suplício de não poder estar com ela.
* * *
Nas semanas que precederam o Natal, Amelinha visitou Carol em São Paulo, onde ambas conversaram sobre os últimos acontecimentos. Amelinha relatou, então, a discussão ocorrida entre Álvaro e Mariano, no solar, revelada a ela por um amigo em comum que testemunhara o ocorrido.
- Foi uma briga feia! – disse Amelinha. - Quando Mariano se referiu a você com aquelas insinuações duvidosas, Álvaro partiu para cima dele e o esmurrou na frente de todos! Mariano revidou, disse mais algumas ofensas e a cena se tornou bem violenta. Ao que parece, eles cortaram relações e Álvaro foi embora do solar imediatamente.
Carol ouvia, em silêncio.
Veja bem - continuou Amelinha –, ele a defendeu na frente de todos!
- Sim, me defendeu... – disse Carol -, mas isso não anula o fato de que já havia me decepcionado antes.
- Ora, por Deus! – rebateu Amelinha. – Esqueça isso! Ele já se desculpou! Quanto orgulho de sua parte! Sabe o que você me lembra? Sabe que a história de vocês não me é estranha? Acho que já li algo semelhante em um famoso livro de Jane Austen... - concluiu, sorrindo.
Carol correspondeu ao sorriso:
- Ah! Ah! Ah! Orgulho e Preconceito... também já me senti revivendo a saga.
- Isso prova que as histórias de amor são semelhantes, com os mesmos ingredientes, em qualquer tempo... Só vamos conferir como esta vai terminar.
- Quem disse que já não terminou? - ironizou Carol.
- Eu digo. Acredito que ainda não terminou. E estou torcendo por um final feliz. Esta é uma história de amor. De amor e de perdão. Mas vocês dois, como no livro de Jane Austen, são ambos teimosos, turrões. Ou melhor, você - muito mais do que ele! Parece um poço de rancor!... Que lástima. Mas não se esqueça de que só se vive uma vez... então, deve-se viver o melhor possível! Não vale a pena sacrificar tão grande sentimento por um momento de orgulho ferido e se afundar em tristeza. Procurem se acertar, esclarecer as dúvidas, desfazer as diferenças. Lembre-se: a cada minuto que você passa triste, você deixa de viver sessenta felizes segundos... Pense nisso!...
À noite, revirando-se no leito, Carol não se cansava de pensar nas palavras e conselhos de Amelinha.
* * *
Após algumas semanas, não mais suportando a saudade de Carol, Álvaro procurou reaproximar-se dela, voltando a freqüentar a livraria. Ela o tratava educadamente, mas com uma relativa indiferença. No fundo, entretanto, seu coração dilacerava-se de amor.
Numa oportunidade em que estavam a sós, Álvaro abriu-se com Carol:
- Eu já tive oportunidade de lhe pedir desculpas. Agora, não estou pedindo que me aceite... apenas que aceite a minha amizade, que eu me conformarei em apenas vê-la de vez em quando...
Álvaro havia travado conhecimento com o tio da jovem e ambos passaram a fazer negócios, com o rapaz servindo-se de trabalhos da editora para confecção de rótulos e publicações divulgadoras das empresas de sua família. Isso facilitou a solidificação de uma amizade com o Sr. Wilton, que o convidou a visitar sua casa várias vezes. Nessas oportunidades, Álvaro encontrava Carol ao piano, treinando. Então ele compreendeu por que muitas vezes não a encontrava na livraria.
Com o passar do tempo, à medida que via aumentar sua necessidade de estar ao lado dela, também surgia-lhe um sentimento dúbio, de ciúme. Perguntava-se se ela não teria alguém em segredo... talvez o tal compositor J. Lorca, como insinuara Mariano... mas e o amor declarado por ela? Talvez fosse volúvel... a semente da dúvida germinava, poderosa, em seu íntimo, a tal ponto que Álvaro decidiu investigar quem seria o misterioso compositor J.Lorca. Contratando um investigador particular, Álvaro, certo dia, recebeu o resultado das investigações:
- Não consegui localizar o tal J. Lorca – disse o investigador. – Ninguém o conhece pessoalmente. Deve ser pseudônimo de alquém que quer se esconder. Um outro compositor, alguém poderoso ou até mesmo... uma mulher... quem sabe.
Uma mulher...
Álvaro, repentinamente, começou a compreender a verdade. Tendo em sua frente o relatório das investigações, olhando fixamente para o nome de J.Lorca, percebeu:
- Meu Deus! É isso... “Lorca’ é um anagrama da palavra “Carol”. J. Lorca não existe... ele e Carol são a mesma pessoa... É por isso que só Carol consegue ter as partituras dele... e a editora do tio é quem publica as partituras... está tudo explicado!
Essa constatação também fez com que Álvaro compreendesse que Carol usava o pseudônimo J.Lorca porque não queria se tornar conhecida... e agora, com a investigação, ele havia desvendado seu segredo, promovendo uma verdadeira intromissão em sua vida particular...
Na tarde seguinte, Álvaro foi até a residência de Carol, para explicar-se e, mais uma vez, se desculpar, encontrando-a como de hábito, ao piano, executando “Lua Branca”. Ele ficou em silêncio, imaginando que essa melodia – que havia sido a primeira a ouvi-la tocar – também agora poderia se tornar a última.
– Estou aqui para, mais uma vez, lhe pedir perdão – disse ele –, quase balbuciando, com o olhar entristecido, sem coragem de encará-la. – Talvez desta vez eu acabe por perder para sempre a esperança de ter você, mas quero, pelo menos, poder me desculpar.
Carol permaneceu em silêncio por alguns minutos e, por fim, encarando Álvaro, indagou-lhe, com firmeza:
– Você... já sabe, não é?
Álvaro compreendeu a que ela se referia. Parecia-lhe que a jovem possuía um sexto sentido. Estava sempre se adiantando aos fatos. Compreendeu que Carol descobrira a investigação que ele promovera.
– Do seu segredo? Sim. Eu sei. E estou envergonhado pela forma como descobri. Gostaria de poder me justificar. No fundo, fui movido pelo ciúme. Não suportava mais sua indiferença. Plantaram-me dúvidas no espírito e eu precisava saber a verdade, se não enlouqueceria. Foi uma atitude torpe. Só agora percebi a extensão de minha falta. Se você usava o pseudônimo J.Lorca é porque desejava preservar sua intimidade... e agora, por minha culpa, outras talvez outras pessoas estejam de posse de seu segredo... Por favor, me perdoe. Pode me expulsar de sua vida, mas queira me dar o seu perdão...
Carol ouvia pacientemente as explicações de Álvaro, mas suas feições não denotavam raiva, nem decepção, ao contrário, a situação parecia de algum modo diverti-la. Carol revelou-lhe, então, como descobrira tudo. Ela o soube assim que percebeu uma certa movimentação do investigador perguntando pelo suposto compositor J. Lorca e ficou imaginando quem teria interesse em ir tão fundo no assunto. Concluindo que deveria ter sido Álvaro, envolveu o investigador em seu próprio jogo, alegando que J.Lorca era o pseudônimo como compositor de um figurão dos altos escalões da política, muito poderoso, e que poderia haver retaliações sérias quanto àquela invasão de privacidade. Carol dobrou os honorários que o investigador receberia de Álvaro e conseguiu sua palavra de que silenciaria para sempre sobre o assunto.
– Então, pode ficar tranqüilo... meu segredo está a salvo... a menos que você próprio o revele por aí... – concluiu com um leve sorriso.
Álvaro, que estivera até então mortificado pelo remorso em sua presença, começou a sentir um intenso alívio interior. O semblante complacente de Carol reacendia-lhe uma faísca de esperança.
– Está na hora de acertarmos as nossas diferenças – disse Carol, por fim. – Vamos pôr um basta em tantos desencontros...
– Você... está me dando alguma esperança? – perguntou, emocionado.
Carol simplesmente aproximou-se dele com um sorriso carinhoso e, erguendo o braço direito, passou a mão delicadamente por seu rosto, têmporas, enquanto Álvaro fechava os olhos como se desejasse apreender infinitamente aquele instante.
– Meu tolinho amado... – sussurrou ela. – Nós estamos vivendo uma história de amor... de amor e de perdão... Não vamos, por orgulho, por nada, deixar de viver esta oportunidade tão especial. Não vamos, por tolices, por falta de diálogo, colocar nossa felicidade além do arco-íris...
Tomado por uma sensação de arrebatadora surpresa, Álvaro tomou-a nos braços, selando-lhe os lábios com um beijo tão carregado de paixão quanto de redenção, e disse, por fim, fitando-a nas profundezas do olhar:
–Concordo com você, meu anjo amado. Esta é uma história de amor, de perdão... e de esperança. Dessa mesma esperança que foi minha companheira nos últimos meses... E nós não vamos colocar a felicidade nem além, nem aquém arco-íris. Vamos construir juntos um arco-íris interior e depositar nele a felicidade, que estará sempre a nosso alcance..
E, lembrando-se dos dons musicais de sua amada Carol, ele completou:
– Não será um arco-íris não apenas colorido, mas musical também. Um arco-íris lindamente colorido, apaixonado e melodioso...
Poucas semanas depois, Álvaro e Carol se casaram na capela da aldeia e decidiram passar a lua-de-mel nas proximidades, num bucólico recanto à beira-mar. Foram dias inesquecíveis, de intensa paixão.
– Você não gostaria de desvendar o pseudônimo de J. Lorca para o mundo? Revelar a todos que é você a compositora? - indagou ele.
– Em absoluto. O que desejo é apenas preservar a minha privacidade, a nossa intimidade. Não tenho pretensão de me tornar uma pessoa famosa. Gosto de distribuir e compartilhar as emoções da música, mas não sinto necessidade de reconhecimento público.
- Bem... o tempo indicará os caminhos - comentou ele. - Eu, de minha parte, teria o maior orgulho em mostrar ao mundo que a mulher que amo é alguém tão talentosa.
- Você teria orgulho disso... mas sua família, não - alfinetou ela.
Ele sorriu:
- Minha família... minha família... é você! – sussurrou em seu ouvido, beijando-a apaixonadamente e ergueu-a nos braços, depositando-a sobre o leito, entre afagos, carícias incandescentes, arroubos de paixão e emoção...
...enquanto lá fora o vento sacudia as palmeiras, ao som das ondas do Atlântico, esparramando uma deliciosa aragem noturna que entrava pelo aposento a embalar as cortinas... romanticamente...
© Oriza Martins - São Paulo, 2008
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Este conto, inspirado no livro “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, é uma homenagem
à própria autora - que escrevia romances maravilhosos sem se identificar, assinando simplesmente “by a Lady”.
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Você está ouvindo a música-tema deste conto, a canção “Lua Branca”, de Chiquinha Gonzaga.