Eu nem sei te amar direito

Amor, há horas tento escrever sobre esse amor que me tem. Mas, o amor calou-se. O sentimento refugia-se em lugares de mim que eu não sei. Tão fugaz a palavra. Tão sem sentido esta ausência. Mergulho em busca da matéria bruta do sonho. E o sonho, amor, é porta aberta para a Alma. Minha alma está ausente. Por certo caminha entre estrelas a murmurar o teu nome. Alguém há de ouvir. Busca-te em raios de sóis. Vagueia em noites veladas ouvindo o som da tua voz. Chora o pranto do amor que se calou. Amor, há momentos em que a vida faz de mim um grande silêncio. E neste silêncio a poesia se afasta. O que sou é sombra opaca. Vazio! Um vazio extenso e mordaz.

Amor, queria dizer o quanto te amo. Queria tornar a palavra palpável. Queria saber qual o verbo que fala ao teu sentimento. Queria que esta tristeza que me cala a boca dissesse o quanto o meu amor precisa do teu. Queria que este segredo intangível que mora dentro de mim rasgasse seus véus. Queria ver a flor nascer enquanto aguardo na soleira da porta. A vida parou. As nuvens passam em seu destino de nunca chegar. Logo a noite deitar-se-a em minha cama. Em silêncio eu a tocarei. Em silêncio ela me terá. O meu amor, calado, sonha a tua presença. E, então, olhando nos teus olhos, amor, eu queria te dizer que te amo...

Mas, amor, eu nem sei te amar direito.