Limbo...
...incondicional e puramente: a Rodrigo Resena.
É desse medo de te amar sem fim que minh’alma morre
Lentamente...
Desse fel que o amor provoca quando circula sem cessar
E de entregar tudo que é sagrado ao corpo
Deixando ele clamar, sem destino, desatinado
E mortal...
Esse medo de te amar, inevitavelmente, dilacera meus dias
É dele que tento, em vão, fugir, mesmo acorrentada e embriagada de paixão
Dou-me, fragmentada, às ilusões disformes
Para não consumir-me no cálice desse amor tão desleal e inconstante
Para não ser tua às vezes, sem esperar um para sempre
Mesmo estando contigo todos os dias...
Desse amor a que entrego a vida, entre espinhos e gumes
Entre as noites de sombras
as lágrimas derramadas
os sonhos privados e crivados de chagas...
ainda desse imenso e estúpido amor, teço minhas verdades
ocultas sob forjados devaneios
na tentativa de esquecer-te
na súplica de não me exceder na falta tua
no vazio tão voraz que enlaça meu peito
quando fito teu amor tão indiferente...
A esse amor tão profundamente guardado em mim
Dou os meus dias
Dou a vida, instantaneamente
Dou meus sagrados versos tortos
Minha alma, completamente...
Dou-te minhas mãos e meus ideais tão caros...
Por esse amor que não é pequeno, tampouco efêmero
sangro tão frio, horas tão quente
conheço infernos, céus e estrelas negras
provo, a cada instante, d’um mal tão ébrio
o teu olhar tão vago...
E me ergo das quedas do desamor,
Como anjo que renasce das guerras do tempo
Como aquele único, sem asas, destinado a dor e à inglória
Bebo, tão tristemente, do sal mais impiedoso desse mar
E saboreio até a última gota...
Quando à ela se une uma lágrima e um grito tão silencioso
do desejo, emergente, de dizer-te
Que não amo outro ser, sequer, pois em mim não cabe
Mais sentimento que esse, por ti...
Que não amarei quaisquer outras coisas
Pois de todo o bem que em mim havia, dei-o por amor
A quem, talvez, não merecia...
Todo os sentimentos do mundo
Todos os sortilégios
Os sentidos
Os sonhos
As esperanças
Os medos
As fugas
As sóbrias verdades
a vida...
E o que há além dela...
E se desse amor eu morrer...
Dignamente qual guardiã da morte
E dos sonos, de paixão, errantes
Alcançar, expurgado este amor tão profano e escarlate,
As mãos de Deus
e torná-lo sagrado e branco!
Ao tirá-lo dessa escuridão profunda
E vivê-lo às luzes celestes...
Ao som de harpas douradas
Às vozes de todos os anjos
Até divinizá-lo todo...
Até meu último instante!