Vertigem

Fala, fala muito, fala depressa que não quero ser poupada.

Venha desabafar tua imbecilidade, que é parte do ser animal, bestial que vestes e investes em tuas estranhas.

Queima-me hoje no ardor das tuas labaredas insanas, enlouqueça-me nas tuas artimanhas, as mais repetitivas e tolas.

Repita-se, que é inédita em ti a repetição contínua e amarga, assim tens por fé. A legião que te rodeia reverencia o que nem consegue capturar, que provê e prove do teu acasalamento constante e insistente com a palavra desnuda de desconexo inexplicável.

O embalo no qual te envolvo, ambos sabemos bailar e dançaremos como agonizantes restos. Não importa qual seja a porta que nos abre, entramos no recinto e barbaramente nos alimentaremos destes restos raivosos que nos elevam a alturas desconhecidas e tortuosas, dá-nos ainda, por instantes, a sensação do arrendamento de nossos raciocínios mais que claros e escondidos em palavras grotescas, para que sejam códigos mútuos.

Dentre este abraço, enlaçamos amor e ódio em alta complexidade, sendo que é não mais que sinônimos pobres de nosso dia pueril.

Joguemos juntos palavras e gestos espontâneos. Prostituiremos-nos para que o circo nos aplauda de pé, nesta orgia do nada, e por de trás de portas e varandas, nessa ciranda vertiginosa, fechamos o ciclo chamado vida, que nos decifra. Cansados e suores misturados, nos curvaremos feito dois animais enjaulados nas grades de nossas mentes decepadas, mas alertas, sempre.