DOR CONJUGAL
Ao amor que se atrela todo sentimento ermo,
esquece-se de dizer-lhe que, doentio se era, enfermo,
estéril, e, achava-se, contudo, não só ser-lhe potente,
mas, capaz, enfim, de que, a geração familiar continuasse...
Infelizmente, a ele e à ela, resta-lhes o consolo de ver
os filhos alheios nascerem, crescerem, casarem-se e
multiplicarem-se, porque, não se pôde gerar as sementes
do amor, ao menos uma delas, para que viesse a florescer
no jardim sentimental que tanto se zela com sabor prazeiroso...
mas, a sentença foi-lhes imposta,
jamais se será pai ou avô ou mãe e avó, e só lhes resta
apreciar e brincar como que a vida lhes propõe, mesmo que,
alheio a eles dois tudo seja, apesar dos pesares
de não poder se ser pai e de não se ser mãe...
E essa dor conjugal é deveras insarável, insuportável,
é ferimento que não cicatriza com incisão alguma nenhuma,
até mesmo feita pelas mãos do possível talvêz...
ESTE RELATO É, MEIO QUE, TRISTE, AO SE LER,
MAS, MOSTRA A REALIDADE DE MUITOS CASAIS
QUE NÃO PODEM TER SEUS FILHOS LEGÍTIMOS E
SE LIMITAM À AJUDAR AS FAMÍLIAS, DANDO SEU
AMOR TOTAL A FILHOS A ELES ALHEIOS, ENFIM.