SEMEANDO COM AMOR
Logo cedo pela manhã, levantou-se o homem
e saiu pelo roçado, em passos medidos, exatos,
a botina rangendo à medida que avançava...
Sentiu o cheiro molhado da terra
e seu coração se encheu de ternura
pelas lembranças de sua infância entre arrozais, milharais, feijões e cafés...
Nas linhas de canteiros afofados,
foi abrindo os berços e depositando as sementes...
Uma a uma, a terra as acolhia avidamente...
O semeador sentiu que plantava com amor
e que a colheita poderia ser farta...
Alforje vazio, voltou para casa...
Seu coração, novamente se aqueceu
ao contemplar a figura esguia de sua companheira,
lidando com as panelas no fogão à lenha...
- Plantar com amor, colher com fartura... - foi o que pensou ao passar pela cozinha e sentir o cheiro do feijão que ele mesmo plantara e colhera... O cheiro do alho refogado inundava a casa.
Mais um dia na seara da vida, semeando com amor...
O sol novamente se escondia por entre as nuvens de chuva...
- As sementes vão agradecer o carinho das gotas que as fertilizarão... - pensou finalmente, enquanto tirava as botinas e limpava o suor do rosto moreno...
Ah! semear na vida, com amor...