A CAIXA
Há muito tempo, em um lugar bem distante existiam pessoas que não sabiam porquê viviam.
Eram praticamente primatas, comiam, bebiam, dormiam e a razão de ali estar, daquilo tudo fazer nunca lhes passava pela cabeça. Tinham uma rotina demasiada efêmera, não exploravam as grandes coisas que a vida lhes propiciara... Um dia foram mais longe, temerosos, passaram além um pouco de seus domínios, e viram mais gente... Gente como eles, gente diferente deles.
Eram limitados, mas nem tão tolos, notaram que aquela gente era mais feliz. Corriam, brincava, conversavam alegremente, tinham pertences que eles não tinham... Ficaram deveras indagado. E limitados que eram, se conformaram, mas no obscuro da alma eternamente a chama da interrogação, do certeiro motivo de porque eles eram mais felizes, permaneceria.
Num raiar de outros tantos tempos depois, perto dali, acharam um objeto, uma caixa. Era uma caixa azul com figuras psicodélicas, estranhas, a caixa estava trancada, mesmo não havendo fechadura era impossível abrir.
Curiosos como eram, queriam abrir a caixa, pararam todos os afazeres e se dedicaram ao gesto. Em pouco tempo notaram que estavam fazendo coisas diferentes, conversavam mais, procuravam coisas que pudessem abrir a caixa, foram além de onde estavam costumados a andar, riam mais, se sentiam melhor... Estavam felizes! E no mesmo instante que se deram conta disto, lembraram daquela família por perto que agia há tempos exatamente como estavam agindo agora. Será que eles também tinham um a caixa como aquela?
Se aproximaram mais e conversaram, explicaram sua situação, e a outra família lhes disse que não tinham caixa alguma, mas tinham vontades, e se sentiam felizes porque tinham aquelas vontades.
Era isso, tinham agora um objetivo: abrir a caixa, e este simples fato mudava tudo.
Abriram a caixa, e nada havia dentro. Completamente vazia se encontrava. Mesmo assim, haviam cumprido seu objetivo, e como haviam gostado daquele sentimento maravilhoso, tinham agora o objetivo de sempre terem algum objetivo na vida, porque isso lhes fazia feliz!
Ninguém está aqui por acaso!