Celine, a florzinha do sertão
A florzinha sobrevive às mais dolorosas secas que o solo quente do sertão enfrenta. Julga-se invisível diante do infinito caminho de terra ladeado pela vegetação, reverenciando o sol, a lua, as estrelas, quem vem e quem vai.
Os fulgentes olhos de menina doce admiram a beleza que há na natureza e nas pessoas e ninguém sequer desconfia de que por trás daquele sorriso tão cativante há dores escondidas.
Transforma folhas de papel em grandes universos. Com as pontas dos dedos preenche céus noturnos solitários com estrelas para que cada um de seus amigos não perca de vista os sonhos mais queridos. E são muitos, formando uma linda constelação.
Nos livros encontra alento e se distrai um pouco dos tantos afazeres. Mensagens chegam e os dois risquinhos azuis aproximam quem está distante. A voz calma e lírica impõe aos versos um ritmo inigualável.
Compreende a alternância dos ciclos vitais e mesmo machucada pelos espinhos, estende a mão para confortar quem precisa seja de uma palavra, um abraço ou mesmo o silêncio porque o dom de escutar faz dela uma grande companheira.
O silêncio da noite lhe conta histórias de amor e a muitos quilômetros de distância alguém lê o último parágrafo daquele conto e enxuga uma tímida lágrima com o dedo indicador. Ainda há esperança.
Quando essa florzinha desaparece para caminhar no deserto e silenciar-se dos ruídos mundanos, o clamor geral é para que ela volte, sim, mas quando sentir-se bem melhor porque embora mudanças às vezes tirem-na do eixo, nunca destroem o que há de mais belo e puro em sua essência.