Uma história: Um Amor Além da Vida.
Os Personagens: Maria, Vitória e o Professor.
Uma lição: “ Nada é mais poderoso do que o Amor”
Maria era uma mulher batalhadora. Mãe aos 15 anos, lutou pela vida de sua filha Vitória até o limite de suas forças.
Vitória cresceu, e mesmo em meio à todas as dificuldades, foi sempre cercada pelo mais absoluto amor de sua mãe.
Mas a relação das duas começou a ficar bem ruim, à medida que Vitória ia crescendo e querendo as coisas que suas amiguinhas tinham e ela não, porque o dinheiro duramente ganho por Maria, era para custear as despesas da casa de um quarto em que moravam.
O diálogo, que sempre foi o ponto alto entre mãe e filha, tornou-se praticamente inexistente.
As brigas eram uma constante. E ao final de um dia de domingo, onde tudo parecia ter dado errado, Maria entrou na Paróquia da Igrejinha que freqüentava e entregou os pontos.
Sentada no banco da igreja vazia, Maria pedia a Deus que tomasse conta da sua filha. Porque ela já não podia mais. Estava cansada. Estava triste. Sentia que havia fracassado em seu papel de mãe.
Dois bancos atrás, um jovem senhor ouvia a “confissão” de Maria. E aproximou-se dela. Explicou que era Professor e que tinha uma sugestão para Maria. Pediu a ela que fizesse o que ele lhe orientava e se ao fim de tudo, ainda quisesse desistir de tudo, ele não mais interferiria.
Maria, que no fundo de seu coração recusava-se a abrir mão de sua filha, aceitou a proposta do tal Professor.
Ele pediu que Maria juntasse suas coisas e as de sua filha e o encontrasse na estação de trem em dois dias.
Assim foi feito.
Após quatro horas de viagem, eles chegaram a uma casinha no pé de um morro, de onde se via um imenso vale, cercado por montanhas e um riacho.
Após as devidas acomodações, Maria e Vitória sentaram-se para ouvir as orientações do Professor:
- Maria e Vitória, vocês ficarão aqui durante 12 meses. Olhem para sua frente. A cada quatro meses, vocês se sentarão aqui nesta varanda e observarão a paisagem. Quero que vocês anotem tudo o que sentirem ao observarem a paisagem. E, em especial, quero que vocês observem aquela árvore ali. Anotem o que acham dela, suas impressões, tudo...
Ao final dos doze meses, eu voltarei aqui e nós conversaremos. Não se preocupem com as despesas. É tudo por conta do meu Instituto. Mas eu peço apenas que vocês se empenhem ao máximo nessa tarefa.
E assim, o Professor partiu.
Doze meses se passaram.
Era hora do reencontro.
Sentados na varanda, os três conversavam sobre aquela experiência vivida.
- Então, Maria e Vitória, quero que vocês me digam o que sentiram em cada período e o que perceberam sobre a árvore que eu indiquei. Vamos começar por você, Maria...
- Nos primeiros quatro meses, o vale estava cheio de Sol e a Luz enchia os olhos. A árvore estava cheia de flores e o cheiro que vinha do vale era tão doce que não consigo me lembrar de nada melhor. Depois, o vale foi ficando “descolorido”, e a árvore perdeu suas folhas, embora tenha ficado carregada de frutos. No terceiro período, o vale ficou nublado com as chuvas e quase nem se viam as montanhas. A chuva caiu incessantemente e a sua árvore ficou encolhidinha e sem vida. Até que chegou o último período e tudo se encheu de cor novamente. A paisagem ficou mais linda do que nunca e a árvore, ainda mais bela...
Professor: - Hum... Certo... Agora você, Vitória...
Vitória:
- Nos primeiros meses, eu estava tão pirada por ter que ficar aqui que nem olhei para esse vale. Tudo me irritava e o que eu mais queria era ir embora daqui e voltar pra minha vida. Não observei a sua árvore. Nem ligava pra ela. No segundo período, achei tudo de uma terrível coloração marrom e sentia ainda menos vontade de ficar olhando para esse vale. Quando as chuvas chegaram eu quase me desesperei de tédio. Achava um saco ter que ficar aqui parada, olhando a chuva castigar a terra e quase matar afogada a sua árvore. Um dia, acordei e percebi que havia parado de chover. Por curiosidade, fui até a varanda e olhei a paisagem. Pela primeira vez, percebi como o vale era bonito. Percebi que a água correndo no riacho, era quase uma música. Percebi que as flores do vale eram as mais lindas que já vi na vida. E por fim, percebi que a árvore era como uma pessoa com os braços abertos, prontos pra te abraçar. Lembro de já ter visto esta cena antes. Foi há muito tempo e não foi aqui no seu vale, Professor. Foi na sala da minha casa, quando eu disse pra minha mãe que nada no mundo iria separar a gente.
Ao final dos relatos, o Professor falou para elas:
- Maria, você e Vitória são como esse vale. Tem suas “estações”. Seus períodos nublados. Mas o mais importante, é não esquecer que quando o Sol volta a brilhar, fica tudo ainda mais lindo do que era antes. E que os dias cinzentos também têm sua magia.
Quando eu disse pra você, Maria, há um ano atrás que entendia o que você estava sentindo, eu estava sendo absolutamente sincero. Também tive um filho um dia. Meu filho se matou, por não ter suportado a convivência comigo, após a morte da mãe. Ele morreu sem que eu nunca tivesse tido a chance de dizer a ele que eu o amava muito.
Vitória, ame sua mãe e a compreenda, porque não há uma só pessoa que a ame mais do que ela. Maria, nunca mais pense em desistir da sua filha, porque se você desistir quando for Inverno, perderá a Expectativa do Outono, a Beleza do Verão e as Promessas da Primavera. E mais ainda... Se você desistir, perderá a chance de ouvir sua filha te agradecendo por não ter desistido dela. E esse sentimento, é o mais gratificante de todos. Compensa qualquer lágrima, apaga qualquer mágoa e cicatriza qualquer ferida.