NATAL NO PONTO DE ÔNIBUS...

Meu Natal desse ano seria mais um igual aos anos anteriores até que me lembrei de uma coisa... Lembrei-me que sempre vejo um senhor num ponto de ônibus na estrada quando estou correndo após o por do sol.

Aquele ponto de ônibus é a sua casa, é aonde ele vai se repousar após sua jornada diária de sacrifícios e incertezas!

Decidi então que passaria o Natal na estrada com aquele senhor! Comprei um vinho e um panetone e fui ao encontro dele. Chegando lá, me apresentei, ofereci o vinho e o panetone a ele e descobri que se chamava Paulo.

Ele era uma mistura de hippie e mendigo, aparentava uma idade bem avançada e tinha uma barba e cabelos bem branquinhos lembrando “Papai Noel”. Mas de Papai Noel ele não tinha nada, ele falava como profeta e não como capitalista!

As aparências enganam, de pobre coitado ele não tinha nada, estava nessa vida por opção e não numa caminhada de proscritos!

Ele tinha cultura, falava também espanhol e inglês.

Conhecia também a palavra de Deus e histórias de civilizações.

Fez um resumo de sua vida, de suas conquistas e perdas, do que acredita e não acredita, de suas experiências boas e ruins.

Falava de tudo quanto é assunto e eu ficava a ouvir e não a escutar, porque aquele momento era de aprendizado, de crescimento como ser humano.

Aquele senhor, com o pouco que tem na vida, vivendo as incertezas do dia a dia tem mais vontade de viver do que muitos de nós, inclusive eu!

Estávamos num ponto de ônibus na estrada, numa escuridão, mas naquele momento parecia que tinha uma luz divina que permitia vermos o necessário.

Aquele senhor tinha muito mais bondade em seu coração do que muitos Padres e Pastores.

Fiquei em sua companhia até quase três da manhã e desejei mais uma vez a ele um Feliz Natal e me despedi.

Esse foi e está sendo o meu Natal... O Natal da simplicidade, da bondade e compaixão.

Talvez esse senhor nem exista, talvez fosse Jesus que estivesse me esperando naquele ponto de ônibus há muito tempo.

Ricardo de Souza