Pra Ella

Amizade pra mim eu guardo no fundo do meu relicário, é quase uma religião, devido ao fato absurdo de tratar amores com um apreço tão grande, como se deles dependessem minha vida. Eu só erro quando eu espero por uma consideração semelhante, portanto amizade é definitivamente meu calcanhar de Aquiles. Namoros nunca superaram minhas amizades, já larguei um amor pra ir cuidar de amiga, já menti por ela, descaradamente, mesmo eu reprovando essa atitude com todo meu coração, mas eu ficava indefesa com o pedido, me sentia na obrigação de fazer tudo que ela sempre pedia como que se, se eu não fizesse fosse uma ofensa à amizade. Ela chorava cada lágrima pra mim e tudo que eu mais queria era arrancar a cabeça daquele idiota que nunca soube dar valor nela, doía mais em mim do que nela quando chorava, isso era minha única certeza. Eu não costumo estar errada quando digo, repito e bato o pé, ele não é homem pra você, você merece mais, isso pode soar meio cliché, mas acredito em casa mísera palavra.

Mas não tem jeito, hoje eu entendi que eu, como amiga, o melhor que posso fazer é me afastar, pois pra começo dessa estranha conversa, homem odeia amiga de ex, que não deixa ela sofrer, homem odeia aquela amiga que a busca 4 horas da manhã na bad porque o escroto fez merda, mas eu fazia tudo isso, prejudiquei meu próprio namoro, minha saúde mental vendo alguém que eu amava tanto sofrer sabendo que eu não podia fazer nada a respeito, a não ser a abraçar e prometer que iria passar, meus sonos, minhas noites pensando em todos os conselhos inúteis que eu falaria em vão.

Quer saber a verdade? Eu sempre lutei com cada centímetro do meu corpo, contra tudo que tira minha paz, tudo que me trava e me tira o equilíbrio, colecionando pequenas mágoas, de pequenos homens que por uma brincadeira esnobe do destino entraram na minha vida pra fazerem papel de duble, mas eu nunca imaginaria que a maior mágoa viria de uma amiga, que já havia perdido a visão, o tato, a audição e até mesmo o paladar, visto que nem sentia o gosto amargo das palavras que vomitava enquanto tirava a última coisa real que tinha na vida, o único amor legítimo. Fui trocada. E quem fez, foi minha amiga, pela pessoa mesmo gostavel do planeta, eu o repudio, não só ele, agora os dois.

Mas por incrível que pareça, eu não perdi um centímetro de fé que eu tinha em amizade, mas definitivamente, depois de levar outro tombo, fica mais fácil escolher a mão que puxa a gente pra cima. Cheguei a conclusão que certos tipos de amores são quase doença, então te desejo saúde. E tempo, pra mim esquecer que a faca que me feriu não veio de um estranho, veio de você.