A Transcendência da Arte
 
As fisionomias contraidas e ausência de sorrisos no rosto decada um de nós nos revelam que hoje é dia de dizer adeus.
O destino é, às vezes, indecifrável. Percorre caminhos que escapam à nossa comprensão, ultrapassa os limites da razão e nos coloca, por isso mesmo, diante de nossa pequenez e dos mistérios insondáveis de Deus.
Uma civilização é feita de seres humanos. Uma civilização só vive enquanto seus componentes estão dispostos a lutar por ela.
Na aventura do caminho, que supõe continuidade, alternância, coragem, nos embates das questões de nosso tempo e ainda nos desafios de nosso existir livre e responsável, queremos ser vistos e reconhecidos sempre na integralidade de pessoa humana. Não somos e não queremos ser apenas um conjunto de necessidades bioquímica, físicas, ou sociais que devam ser satisfeitas. Queremos ser sobretudo seres que agem não só expontaneamente, premidos por necessidades naturais, mas impulsionados também por motivações de ordem reflexiva, em face de valores.
 A tecnologia levou o homem à lua, somente o amor trouxe ao mundo o Filho de Deus. 
As nossas vidas aqui se encontraram, na imponderabilidade do tempo, ao apelo da arte, da vida e do amor. 
Da arte que exprime a vida e é tão misteriosa quanto. Da arte que nos leva ao homem e ao universo que flui através dele. Da arte que ultrapassa o instante fugidio e o prende, substraindo-se à ação do tempo e mostrando o homem pequeno, medíocre, mas sublime, um criador criado por Deus, que se perpetua de todas as formas e que deixa as suas pegadas, seus sofrimentos, sua angústia e sua glória, em cada tela, em cada página, no mármore que transforma em cópia da vida.
Mais cedo ou mais tarde atendemos ao apelo da arte, da arte que transcende a vida, pois quando o homem consegue retratar a vida da flor, ela já feneceu; o entardecer de seu quadro já é agora noite fechada; a angústia de mãos crispadas no estertor da morte, já é placidez ao lado do Senhor. Da vida que "somente está filosoficamente correta quandod o amor cria sonhos..."
E, finalmente, ao apelo do amor. Do amor tão bem compreendido por Luiz Carlos Gambogi, que assim nos fala: "Se encontrares o amor, bebe-o com teus lábios sem receios. Ignore o ritmo da razão, sua função é instrumental. Preste-se, como o arado é útil ao lavrador, para sulcar o terreno dos sonhos diante dos olhos pela audácia amorosa. A razão não cria sonhos, ao contrário, apaga-os, se lhe permitimos supremacia. Afimo-te que a vida somente está filosoficamente correta quando o amor cria os sonhos e a razão os resolve para que Deus espalhe as sementes".
Caros companheiros: O melhor de nós mesmos é sempre o amor. Nas pedras e nos marcos desta casa, nos braços e abraços de Maria Lúcia – destemidos e seguros – aqui  o encontramos em grandiosa e expressiva pofusão de vida.
Nenhum credo, filosofia ou religião, vigiou o nosso despertar, silenciou as nossas lágrimas, ameaçou o encontro – nem sempre tranquilo e agradável – de nossas emoções e descobertas.
Aqui choramos as nossas lágrimas e sorrimos, sem medo, as nossas alegrias e verdades. Fomos crianças e como crianças nos deixamos embalar, brincar, dançar, sonhar e amar.
Maria Lúcia, a memória de um povo é fraca. Hoje, ele ama apaixonadamente um homem e o segue onde quer que ele vá. Chora suas lágrimas e sorri com seu sorriso. Ergue para ele um altar em seu coração e o incensa. Muitas vezes, com o tempo, é obrigado a esquecê-lo, porque este ídolo tem os pés de barro. Os seus pés, Maria Lúcia, são de carne e osso e muito haverão ainda de caminhar e de promover o ressurgimento da verdadeira fraternidade que se encontra no amor, indicando a centenas de outros alunos a novas formas de ser e de existir no milênio que se aproxima.
Cara Professora Maria Lúcia, se um pouco de nós hoje daqui sai, sai mais feliz, mais verdadeiro, mais amoroso. E, com certeza, consciente que o presente pode e deve ser trabalhado, melhorado, modificado, e que o futuro nos aguarda incessante e rigorosamente implacável, se dele nos esquecemos. O nosso amor, entretanto, aqui fica: acalentando a beleza, o calor e o pulsar de seu nobre coração, verdadeiramente compromissado com os desafios de seu tempo. Seja Feliz!
Aos companheiros de curso, que souberam ser plenos de significados de beleza, na intencionalidade de ser, de pensar, de sentir, de agir e de criar, sem a eviência imediata de suas identidades e de seus nomes, ofereço o que aqui encontrei sempre, como se vê na bela canção-oração dse Walter Pini;

 
"Te ofereço paz
Te ofereço amor
Te ofereço amizade
Ouço tuas necessidades
Vejo tua beleza
Sinto os teus sentimentos
Minha sabedoria flui
De uma fonte superior
E reconheço esta fonte em ti
Trabalhemos juntos!
Trabalhemos juntos!

 
   Muito obrigado. E sejam felizes!

Roberto Gonçalves
Escritor
RG
Enviado por RG em 25/10/2014
Reeditado em 09/07/2016
Código do texto: T5011842
Classificação de conteúdo: seguro
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