RAÇA DE HERÓIS - Capítulo 38 - Dependentes Físicos, Químicos e Emocionais
Capítulo 38
Dependentes Físicos, Químicos e Emocionais
A dependência ocorre em diversos níveis e de diversas formas.
Filhos, ao se separarem de seus pais, ao irem para a faculdade estudar em outra cidade, se veem desestruturados e perdidos, ou se perdem.
Relacionamentos conjugais tornam-se um apego doentio: O marido não sai sem a mulher, a mulher não faz nada sem o marido, quando um se ausenta o outro fica sem saber o que fazer. O namorado não aceita a separação e age violentamente, e a namorada, por causa do ciúme, invade a privacidade do parceiro e faz escândalos, tornando suas vidas um martírio. Alguns casais, ao se separarem ou brigarem ou quando veem o outro com alguém, entram em crises depressivas e de ciúme que geram diversos transtornos.
Funcionários supõem que precisam mostrar serviço só quando o encarregado está por perto, e fora dos olhares de seus líderes agem com negligência e irresponsabilidade.
Equipes de trabalho, esportivas ou grupo de estudos estão sempre sob o comando de um líder e acreditam que a responsabilidade e o êxito dependem apenas dele, esquecendo-se muitas vezes que cada um é um dente de uma engrenagem.
Com relação às drogas, lícitas e ilícitas, onde ambas causam destruição em massa, os usuários que fazem uso delas desejam uma saída fácil do frágil mundo mental em que estão agarrados e procuram nelas a sensação de liberdade, que na realidade é uma fuga para não encararem de frente as vicissitudes. É a incapacidade de não querer ser capaz. Mais um trago aqui, um gole de uma cerveja ali, meio copo de uísque de lá, uma talagada de vinho a mais para relaxar, mais um canudo de uma droga qualquer para tentar esquecer dos problemas ou ter uma falsa coragem para se fazer algo, e aí começa e mantém-se o vício.
Algumas pessoas, não conseguindo um trabalho de destaque ou de liderança, se encostam na outra para realizarem suas intenções frustradas. Querem estar perto de chefes para terem a sensação que estão chefiando também. Já outras, arranjam um jeito de se aproximarem de famosos para saírem nas revistas e aparecerem na TV e dessa forma sentem-se realizados.
Muitas pessoas exercem a função de parasitas sobre as outras. Se soubéssemos aproveitar as faculdades que cada um tem, em vez de sugá-lo nossas vidas estariam melhor.
Os pais precisam, desde a infância, ensinar seus filhos a serem independentes e não ficar dando tudo na mão, pedir ajuda à eles em alguns afazeres e delegar tarefas de acordo com as capacidades, forças e tempo de cada um. Não se pode querer, por exemplo, que uma criança levante algo pesado ou que faça uma tarefa como a de um adulto; nem tampouco que uma mulher realize um trabalho braçal em conformidade com um homem. Não se pode deixar com que filhos abandonem a escola, o lazer, as brincadeiras para trabalharem, mas devemos arranjar ocupações para nós e para eles no tempo que temos livre.
É preciso deixar de lado essa dependência que temos de algo ou de alguém. Chegamos aqui na Terra sozinhos e daqui sairemos também sozinhos, por isso temos a necessidade de assumir responsabilidades e criar em nós um espírito confiante, que constantemente persevera, para nosso engrandecimento, sem nos tornarmos um estorvo na vida de alguém ou deixar que alguém seja um eterno dependente nosso.
Proteção demais, na realidade, desprotege. Submissão é estagnação.
Nós não podemos confundir amor com apego e obsessão. Uma pessoa, por mais que goste de outra, não pode permitir que esse sentimento se torne uma dependência viciosa, caso contrário não crescerá e nem desenvolverá. Um ser humano não nasceu para ficar agarrado no outro, mas para progredir.
Muitas vezes somos pobres de espírito, mas não aquela bem aventurança da qual Jesus falou em seu sermão, que significa humildade, simplicidade, gentileza, mas sim seres que não desenvolvem suas personalidades e tornam-se fracassados interiormente. Basta nos virmos sozinhos que achamos que o mundo vai desabar.
Só espero que não pareça aqui que estamos recomendando que devemos esnobar, maltratar e abandonar as pessoas, quando falamos em não se apegar. Devemos beijar, abraçar, dizer que amamos não só som palavras, mas com gestos, sair, nos divertir saudavelmente, mas sem deixar que isso se transforme num apego doentio.
Necessitamos de ajudar nossos pais, amigos, entidades que prestam serviços de auxílio a crianças, moradores de rua, famílias carentes, dar apoio a mães, gestantes, grupos de dependentes químicos, crianças que sofrem maus tratos, auxiliar orfanatos, asilos, igrejas, creches e tantos outros órgãos que apoiam aqueles que são dependentes de ajuda material, emocional e espiritual para se reerguerem.
A individualidade em tomar decisões, em ter-se iniciativa, o controle de receita e despesas, conquistando nossa ambiguidade, nos dará autoconfiança e tranquilidade. O homem que se empenha a aprender e se dispõe a fazer é o homem do futuro, o homem polivalente. Nosso destino é a auto-suficiência, mesmo que estejamos interligados.
É necessário desprender-nos desse apego e reformarmo-nos para vencermos nossas provas. Sem uma mudança de mentalidade e novas atitudes torna-se impossível vencer novos desafios, procurando sempre agir com ética e moral.
Ética são valores como honra, lealdade, fidelidade, discrição honestidade, humanidade, brio e senso de justiça.
Moral é o perdão, a compaixão, afabilidade e doçura, a sensatez, a idoneidade, a tolerância, tendo uma conduta excelsa. É a ética consolidada e exemplificada através da prática e, assim, as duas se fundem, formando o homem integral.
Quando nos calamos diante de agressões, compramos e vendemos nossos votos, nos omitimos diante de circunstâncias para termos lucro, mentimos, traímos, não denunciamos atos corruptos, não estamos tendo ética, estamos sendo anti éticos.
Quando deixamos que crianças ou qualquer pessoa, animal, a natureza sejam agredidas e violentadas, e não fazemos nada; quando não perdoamos os erros, e perdoar não significa concordar com o erro, mas consiste em dar uma nova oportunidade aquele que errou. Quando julgamos, condenamos, apontamos nossos dedos, usamos de palavras e gestos grosseiros e obscenos estamos sendo imorais.
Não vamos escravizar as pessoas, nos apegando nelas ou nos deixar sermos escravizados. Vamos nos libertar e criar nossa própria força.
Disse-nos o Mestre Divino: Brilhe a vossa luz.
Buscar em nosso íntimo recursos e coragem para enfrentar as diversidades do caminho fará de nós espíritos fortes e destemidos. Acreditar em nossa capacidade, desenvolver nossas faculdades, observar os ensinamentos que nos são passados diariamente como sendo material de estudo que a espiritualidade nos envia são medidas eficazes que realizarão o nosso progresso rumo ao mundo maior. Não deixe que esses ensinamentos passem despercebidos, por mais simples que possam parecer, pois são neles que estão contidos segredos divinos que aguardam apenas nossa boa vontade para serem revelados. E quando forem, entenderemos que tudo estava ali, em nossa frente, aguardando por uma iniciativa nossa, e o restante desse processo de descoberta, depois, vai se fazendo naturalmente.
A luta eterna pela implantação de um estado de pureza para que em cada canto desse Universo se cumpra a Lei de Amor é fito de todo aquele que quer servir e trabalhar para Deus. E essa luta é aquela que o alemão Berttold Brecht, insigne poeta do século XX, nos disse: “Há àqueles que lutam um dia e por isso são bons. Há aqueles que lutam muitos dias e por isso são muito bons. Há aqueles que lutam anos e são melhores ainda. Porém, há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.”
A luta e os homens; os homens e a luta. Um está ligado ao outro, e aquilo que no princípio era apenas para a própria sobrevivência vai se tornando mais amplo, pois a preocupação com o “de todos e para todos” é agora o alvo ao qual muitos se dirigem, sem dependerem de todos ou que todos façam, pois o fazer é por conta do “Eu”.
Lutar por meios diferentes daqueles que subjugam. Assim agindo, estaremos a clarear nossa atmosfera e não nos tornando sombras na vida e da vida de alguém.