Carta ao meu amigo, Agradecimento.

Olá meu amigo...

Hoje peço licença respeitosamente para não chama-lo de padre e também de senhor, mas sim de amigo, então quando me referir a sua pessoa como “você” que seja sinônimo de “amigo” ou até mesmo “pai”.

Sempre me lembro e vou me lembrar de em meados de 2009/2010 em uma conversa com você, amigo, você me disse as dez palavras que trago até hoje “Não me tenha somente como padre, mas também como amigo”. Já lhe disse uma vez que guardo estas palavras comigo e para sempre vou guardar, mesmo às vezes não conseguindo demonstrar a minha gratidão, queria por meio destas palavras tentar descrever o que às vezes habita em mim e não consigo falar nem demonstrar.

Boa parte do que sou hoje e me tornei devo a você, e você sabe disso, peço desculpas se até hoje não pude e nem consegui retribuir isso com gestos, mas queria que sentisse gratificado com estas palavras perdidas por este papel... Talvez algumas coisas que eu passei poderei compartilhar com você por aqui... Há quase sete anos eu perdi muitas coisas, havia perdido quase dez quilos, oito centímetros de altura, perdi os movimentos das pernas, e depois todo o comando da cintura para baixo, assim perdi um pouco de minha dignidade, perdi um pouco o embalo de viver, de repente a rasteira maior, Fui internado quase quatro meses sem saber o que era tocar o chão, sem saber o que era sentir as pernas, e o mais doloroso, fiquei dependente dos outros para tudo, tudo mesmo... Os médicos com a graça de Deus e com a sabedoria e ciência que Deus lhes deu, conseguiram me trazer de volta, mas eles haviam colocado duas hipóteses para mim, ou eu ficava de cadeira de rodas por toda a vida, ou eu voltava morto para casa, mas como os médicos são bons e Deus é maior que tudo aqui estou hoje, sinto-me como o jovem do Evangelho de domingo que estava morto e Jesus toca o caixão e ordena “Levanta-se”. Agora você se pergunta “o que ou onde ele quer chegar?”...

Envio juntamente com esta carta um terço muito especial para mim, um terço que ainda que não estivesse comigo, foi onde consegui parte do que precisei, pois, como eu disse eu praticamente havia perdido tudo, só não havia perdido a fé. Mas agora queria que você ficasse com este importante terço como sinal de carinho que tenho por você e o guardasse, para não só se lembrar de mim, mas sim de uma pessoa que lhe admira muito, um terço de uma oração que minha mãe encontrou na capela do hospital onde fiquei quase três meses, que você o guarde com o mesmo carinho no qual eu o envio. E mais uma vez muito obrigado, agradeço a atenção dispensada para ler a estas palavras.

Com Carinho, Despeço-me.

Xande.

Xande de Matos
Enviado por Xande de Matos em 10/06/2013
Código do texto: T4335100
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.